"Eu estava convencido de que fui chamado para ir para a faculdade e me tornar um cientista da criação, e escolhi estudar biologia e geologia. No entanto, agora percebo a futilidade do empirismo – o melhor que poderia fazer para defender a fé como cientista é derrotar a teoria da evolução usando seus próprios métodos falhos. E mesmo que os cientistas derrubem a teoria da evolução, algum tolo mal-intencionado inventará alguma outra teoria antibíblica. Espero que você possa me dar alguma orientação sobre esse problema."
Você entendeu com precisão minha posição sobre argumentos científicos:
“O melhor que eu poderia fazer para defender a fé como cientista é derrotar a teoria da evolução usando seus próprios métodos falhos”.
No entanto, eu não diria que ninguém deveria ser um cientista; ou que os argumentos científicos seriam completamente inúteis na apologética. Mas eu diria que a ciência nunca pode chegar a qualquer conhecimento positivo ou justificativa para qualquer alegação, porque o raciocínio científico é sempre falacioso, condenado pelo empirismo, indução, afirmando o consequente, e assim por diante.[1] Como cientista, o máximo que você pode fazer é empregar argumentos científicos melhor que os não cristãos para provar que estão errados. Argumentos científicos podem executar apenas uma função negativa na apologética, uma vez que eles não podem provar positivamente qualquer afirmação. Portanto, mesmo que os argumentos científicos nem sempre sejam inúteis, eles são sempre opcionais.
Isso é relevante, pois, ao considerar se tornar um cientista, é melhor entender a natureza e o lugar da ciência. Muitos cristãos colocam-na quase no mesmo nível das Escrituras e, por essa razão, devemos suspeitar de sua fé, porque é impossível servir a dois senhores. A ciência não é uma segunda revelação de Deus, mas são os próprios métodos e conclusões do homem. Adorar a Deus e à ciência é adorar a Deus e a si mesmo. Como Deus não compartilhará a adoração com outra pessoa, isso significa que adorar a Deus e à ciência é, de fato, adorar somente a si mesmo. Então, muitos outros colocam a ciência abaixo das Escrituras para servir como confirmação, mas visto que a ciência não pode provar nada, ela não pode nem mesmo desempenhar essa função. É importante entender isso porque se você estimar demais a ciência, você acabará esperando muito dela.
Suponha que um cristão se pergunte se ele deveria se tornar um policial. Essa carreira é uma opção legítima e é possível honrar a Deus nela. Contudo, se o cristão pensa que pode acabar com todos os crimes tornando-se um policial; e que ele pode até mesmo transformar o coração das pessoas para o bem, então ele tem uma expectativa irrealista do que este trabalho pode fazer, e ficará desapontado e desiludido.
Da mesma forma, se você optar por seguir uma carreira científica, você deve encontrar uma razão realista para isso. Como a ciência não pode provar nada, ela não pode fornecer uma justificação positiva para a cosmovisão bíblica e, portanto, você não deve seguir uma carreira científica por esse motivo. Você estava planejando seguir uma carreira científica não só porque seria bom nisso, mas também pensava que poderia promover e reivindicar a fé Cristã. No entanto, você achou que ciência era algo que não era, e você pensou que poderia fazer algo que não poderia fazer. É melhor que você perceba isso agora.
Não há necessidade de eliminar a ciência como uma opção de carreira, mas você também deve considerar outras possibilidades. Você deve definir melhor seus objetivos e, em seguida, considerar como poderia alcançá-los, tendo em mente a providência de Deus, seus interesses e habilidades, e quaisquer questões práticas. Não estamos falando apenas de apologética, mas de uma carreira, e é preciso considerar todas as preocupações relevantes, como ganhar a vida. Você não precisa escolher uma carreira que daria muito dinheiro, mas deve entender no que está se metendo quando tomar uma decisão. Você ainda pode querer se tornar um cientista. Não há nada de errado nisso, desde que você tenha uma visão realista da ciência.
[1] Ver: Vincent Cheung, Questões Últimas , Confrontações Pressuposicionalistas , Apologética na Conversação, e Cativo à Razão.
Traduzido de http://www.vincentcheung.com/2005/01/18/a-career-in-science/, por Cristiano Lima
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