sexta-feira, 13 de julho de 2018

BREVES RESPOSTAS À DIVERSAS CRÍTICAS – Vincent Cheung

– M –

          Eu ainda precisaria de uma refutação para aquele versículo, onde o Senhor nos disse que "quando vocês veem a figueira, vocês sabem que o verão está próximo".[20]

Se este crítico limitasse a aplicação deste verso ao contexto imediato da passagem, então ele não contribuiria em nada para o seu propósito. Assim, está implícito que ele deseja fazer uma inferência que remova o verso de seu contexto e que seja mais amplo do que o conteúdo do verso, a fim de derivar dele algum suporte para o empirismo.

No entanto, seria falacioso inferir deste verso uma epistemologia simplista "Eu vejo, portanto, sei". O verso não pode logicamente produzir esse princípio amplo. Além disso, tal inferência implicaria que é impossível cometer um erro. De modo que, quando vejo a água, sei que existe água e que não existe miragem. Isso implicaria que erros e alucinações nunca acontecem.

Como tenho mostrado em Confrontações Pressuposicionalistas, quando a Bíblia reconhece que alguém viu algo, não é o mesmo que afirmar a sensação em si como um meio para o conhecimento.

Por exemplo, se o apóstolo João escreve: "Pedro viu o Cristo ressuscitado", posso aceitar a declaração de João sobre o que Pedro viu sem aceitar a sensação em si como um meio para o conhecimento.
O objeto de minha crença é a declaração divinamente inspirada de João, não a sensação falível de Pedro. De fato, as sensações de Pedro podem estar erradas em todos os casos, menos neste, e eu sei que ele está certo desta vez somente porque João infalivelmente (por inspiração divina) diz isso.

Quando penso que estou olhando para um carro vermelho, é possível que eu realmente esteja olhando para um carro vermelho, mas também é possível que eu esteja sonhando, ou olhando para o céu azul. O problema é, como eu sei, neste caso, se estou realmente olhando para um carro vermelho?

Se Deus infalivelmente afirma que estou de fato olhando para um carro vermelho, então sei que, neste caso, o que penso ver, realmente corresponde à realidade física. No entanto, seria falacioso inferir disso: "Portanto, o conhecimento é derivado de sensações". Não, é a afirmação infalível de Deus (que estou olhando para um carro vermelho) que me dá o conhecimento (que estou olhando para um carro vermelho), e não o meu ato de olhar para o carro vermelho. Isto é, a sensação fornece a ocasião para a afirmação infalível de Deus - ela não fornece o conhecimento em si mesma.

Esse é o tipo de inferência inválida que esse crítico fez com a declaração de Jesus. Ou seja, a partir de uma afirmação infalível, mas estreita e particular sobre algo relacionado a ver, ele incorretamente infere que ver, em si mesmo, é um meio confiável de obter conhecimento.

Sua própria filosofia nega que as sensações sejam infalíveis. No entanto, se Jesus está amplamente endossando ou implicando a confiabilidade das sensações em vez de fazer um julgamento infalível, mas estreito e particular, sobre algo relacionado às sensações, então como pode a sua inferência a partir desse verso permitir erros nas sensações ou nas inferências a partir das sensações? A inferência não é apenas inválida, mas a conclusão é inconsistente com o que esse crítico acredita sobre as sensações.

Eu afirmo as palavras de Jesus no verso, e não as sensações dos homens. Por outro lado, com base nesse verso, esse crítico afirma diretamente as sensações dos homens, infere um apoio geral ao empirismo e o aplica a toda a humanidade. Esta é realmente uma demonstração espetacular de raciocínio falacioso.

Como então ele pode sustentar que as sensações são falíveis? Sobre qual base e por qual padrão ele afirma ou rejeita qualquer ocorrência de sensação, ou qualquer inferência a partir de sensação? Eu sei que, "quando vocês veem a figueira, vocês sabem que o verão está próximo", é verdadeiro apenas porque Jesus assim o diz. Aqueles homens poderiam estar errados sobre todas as outras ocasiões de sensações.

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NOTA DE RODAPÉ:

[20] Veja Mateus 24:32, Marcos 13:28 e Lucas 21:30.

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Extraído de:
CHEUNG, Vincent. Captive to Reason: 'Short Answers to Several Criticisms, - M - '. ed. 2009. pp. 24-25.

Traduzido por:
Cristiano Lima, em 12/07/2018

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