sábado, 1 de dezembro de 2018

O ARGUMENTO MORAL – Vincent Cheung

O ARGUMENTO MORAL argumenta a partir de leis morais objetivas para um legislador moral. Immanuel Kant (1724-1804) escreve em sua Critique of Practical Reason: [8]

          Duas coisas enchem a mente com uma sempre nova e crescente admiração e temor reverente, e com cada vez mais frequência e mais firmeza refletimos nelas: os céus estrelados acima de mim e a lei interna dentro de mim.[9]

Para as leis morais objetivas fazerem sentido, deve haver justiça. Desde que observamos que a justiça muitas vezes não é executada nesta vida, deve haver uma vida após a morte, onde a justiça exata seja executada. Além disso, para haver justiça, deve haver um juiz que faça justiça. Mas para este juiz julgar corretamente, ele deve ser onisciente, conhecendo todo pensamento e ação. E para executar a justiça, o juiz deve ser onipotente.

Kant defendeu a ideia de Deus como um princípio heurístico em ética, e não pretendia que o argumento servisse como uma prova no sentido clássico:

     Por um postulado de razão prática pura, entendo uma proposição teórica que não é, enquanto tal, demonstrável, mas que é um corolário inseparável de uma lei incondicionalmente válida a priori. [10]

No entanto, se uma pessoa nega que há uma vida após a morte em que todos devem enfrentar esse juiz onisciente e todo-poderoso, ela não pode mais explicar o objeto da moralidade. No entanto, os homens em todos os lugares falam e se comportam como se houvesse moralidade objetiva. Mesmo aqueles que negam a moralidade objetiva reagem como se tal coisa existisse, especialmente quando seu próprio padrão é ofendido, ou quando seu próprio bem-estar é ameaçado. Uma pessoa não pode afirmar a moralidade objetiva, seja por palavra ou ação, e rejeitar sua precondição necessária. Hastings Rashdall escreve:

     A crença em Deus... é a pressuposição lógica de uma Moralidade “objetiva” ou absoluta. Uma ideia moral não pode existir em lugar algum e de nenhum modo senão na mente; uma ideia absoluta pode existir apenas numa Mente da qual toda Realidade seja derivada. Nossa ideia moral pode somente declarar a realidade objetiva até o ponto que possa ser racionalmente considerada como a revelação de um ideal moral eternamente existente na mente de Deus. [11]

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Extraído de:
CHEUNG, Vincent. Systematic Theology. ed. 2010

Traduzido por:
Cristiano Lima