sábado, 7 de julho de 2018

CONVERSA SOBRE RACISMO – Vincent Cheung

(Baseado numa conversa real)

Samuel: Que bando de pessoas ignorantes!

Vincent: Com o que você está tão chateado?

S: Que nojo! Estou me referindo a esta reportagem relatando um caso flagrante de discriminação racial. Não me agrada pensar que, hoje em dia, ainda há quem trate as pessoas de acordo com a cor da pele.

V: Entendo. Você disse que esses racistas são pessoas ignorantes.

S: Sim!

V: Do que exatamente eles são ignorantes?

S: Desculpe-me, como assim ... ?

V: Você disse que os racistas são pessoas ignorantes. Se eu lhe entendi corretamente, e se suas palavras significam alguma coisa, então associando racismo com ignorância, você está afirmando que os racistas carecem de certas informações, e que se eles aprendessem essas informações, não seriam racistas. Qual é essa informação que falta a eles?

S: Bem ... eles são ignorantes do fato de que todos os seres humanos são realmente os mesmos.

V: Entendo. O racismo trata as pessoas como se elas fossem diferentes, mas a verdade é que elas são realmente as mesmas. Portanto, o racismo está errado.

S: Sim.

V: Como você sabe que as pessoas são realmente as mesmas? Com base em que você acha isso?

S: A ciência nos proporcionou tanto conhecimento sobre os seres humanos, e mostrou que, seja preto ou branco, somos todos iguais.

V: Eu não compartilho de sua confiança na ciência. Na verdade, acho que a ciência é um empreendimento irracional que não pode descobrir ou provar nada. Isso ocorre porque a ciência depende da sensação, da indução e da experimentação. No entanto, vamos deixar isso de lado por um momento e assumir que ela pode descobrir a verdade. Sua alegação é que a ciência prova que todos os seres humanos são iguais, mas parece que ela fez o oposto. Não é uma opinião científica que algumas pessoas, por causa de sua raça ou gênero, são mais suscetíveis a certas doenças?

S: Isso é verdade. Mas esta não é uma diferença essencial.

V: Então existem diferenças entre as raças. Para manter sua posição, você tem que dizer que essas são diferenças não essenciais. Isso só aumenta o seu problema, já que agora você deve definir e defender um padrão para determinar diferenças essenciais e não essenciais. Mesmo que essa diferença específica da suscetibilidade a doenças não seja verdadeira, existem diferenças entre as raças. No mínimo, podemos dizer que as cores da pele são diferentes! A menos que você seja capaz de definir e defender um padrão, como você pode dizer que a própria cor da pele não é a diferença essencial? Talvez a cor da pele seja precisamente o fator que torna uma raça superior e outra inferior. Talvez seja a diferença mais importante.

S: Devemos julgar as pessoas de acordo com seu caráter e não com a cor delas.

V: Mas por que você acredita nisso? E o que lhe dá o direito de impor esse padrão a todos os outros? Além disso, o que é bom caráter e o que é mau caráter? Como a ciência diz tudo isso? Por que não julgar as pessoas por sua beleza física ou força, educação ou riqueza? Por que não julgar as pessoas pela sua capacidade de fazer malabarismos ou de ganhar no pôker? Assim, posso afirmar com a mesma facilidade que devemos julgar as pessoas de acordo com sua cor, e não de acordo com seu caráter.

S: Você é racista?

V: Eu ficaria feliz em dizer o que penso sobre raça, discriminação e assim por diante, mas isso não é imediatamente relevante para essa parte de nossa discussão. O que importa agora é o seguinte: você disse que os racistas são pessoas ignorantes, mas você é incapaz de definir e defender aquilo que você acha que eles ignoram. Você disse que todas as pessoas são iguais, mas quando questionado, até você concordou que todas as pessoas não são iguais. Então, você disse que as diferenças entre eles não são essenciais, mas tem sido incapaz de definir e defender um padrão para julgar entre diferenças essenciais e não essenciais, e fazê-lo de uma forma que todos devam aceitar.

S: Então, onde isso nos deixa?

V: Sua reivindicação é que os racistas são pessoas ignorantes. Eles não percebem que todas as pessoas são realmente as mesmas, mas você não é racista porque percebe que todas as pessoas são iguais. Parece que sua posição sobre racismo é importante para você, já que você estava tão enojado com os racistas. Mas acontece que a sua posição não pode resistir ao menor escrutínio, e você realmente não tem justificativa para isso. Você assume uma posição de conhecimento e iluminação, mas é tão ignorante quanto os racistas. Você é descuidado, pouco inteligente e ignorante. Você se apresenta como alguém que possui conhecimento, mas não pensou realmente nas coisas em que acredita, mesmo naquelas que são importantes para você. Assim você também é desonesto e hipócrita. Geralmente você consegue se safar porque outras pessoas também são como você e elas concordam com você. Mas agora que eu lhe expus, para onde você vai correr? Você é um não cristão. Qual é a sua base para negar a Deus e a Jesus Cristo? Você diz que os cristãos são irracionais, mas você pensou em sua própria posição? Ou é tão descuidado, tolo e desonesto como sua razão para afirmar a igualdade racial? Está entendendo, você pensa que é intelectualmente competente, informado e honesto. Mas você não é nada disso. Você é estúpido, ignorante e desonesto. E a sua rejeição da fé Cristã também é estúpida, ignorante e desonesta. A Bíblia me diz que você sabe sobre o Deus cristão, e se continuarmos esta conversa, vou lhe mostrar mais e mais que este é o caso. Mas você é muito estúpido e perverso para admitir isso. Você é desonesto, então tenta suprimir o que sabe. Mas a realidade e os preceitos de Deus são tão evidentes que você não pode negar consistentemente a eles. Talvez sua atitude em relação ao racismo seja um efeito distorcido desse conhecimento que está embutido em seu próprio ser. Você acha que eu sou severo em falar com você assim. Mas eu sou o melhor amigo que você poderia ter. Pense nisso: eu posso desmontar tudo o que você acredita em questão de segundos, e isso significa que, intelectual e espiritualmente, você está com muitos problemas. Sua vida toda é uma mentira. E se você não pode nem me enganar, você acha que pode enganar a Deus? A Bíblia diz que Sua ira é derramada contra pessoas que reprimem o conhecimento sobre Ele – pessoas como você. Você está em muito perigo agora. Sua única esperança é abandonar seu orgulho e admitir sua tolice e maldade, e clamar a Jesus Cristo – Ele é o único que pode salvar você. Discutiremos isso ainda mais, pois se Deus tiver misericórdia de você, isso é o que você fará.

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Extraído de:
CHEUNG, Vincent. Sermonettes - volume 1. 2010. p. 99-101.

Traduzido por: Cristiano Lima

sexta-feira, 6 de julho de 2018

EMPIRISMO "BÍBLICO" INCOERENTE - Vincent Cheung

Um argumento alega que o Escrituralismo [1] é incoerente porque a proposição, “Todo conhecimento vem de proposições bíblicas e suas implicações necessárias”, não é ela mesma uma proposição bíblica, e não pode ser deduzida a partir de proposições bíblicas; portanto, se alguém aceita o Escrituralismo, essa pessoa deveria rejeitar o Escrituralismo.

Contudo, esse argumento é uma falácia lógica. De fato, ele está dizendo apenas que o Escrituralismo é falso porque ele não é verdadeiro, mas ele diz isso sem mostrar que o Escrituralismo não é verdadeiro.

Mas o princípio pode ser de fato deduzido a partir da Escritura. A Bíblia ensina que Deus é infalível, que a Bíblia é sua revelação infalível, que Deus controla todas as coisas, que o homem é falível, que as sensações e intuições do homem são falíveis, etc., etc. – coloque tudo isso junto, e você tem o Escrituralismo.

Então, pense sobre o empirismo. Sim, é frequentemente assumido que a sensação é um modo geralmente confiável de se obter conhecimento. Mas considere apenas alguns dos problemas relacionados ao empirismo e à ciência:

1. Se o empirismo é racional, então deveria ser possível demonstrar sua racionalidade por um processo válido de raciocínio. Qual é esse processo de raciocínio? E ele é realmente válido?

2. Se o empirismo necessariamente usa a indução, então como ele pode evitar os problemas lógicos que acompanham a indução?

3. Se o empirismo é o próprio fundamento da ciência, então como a ciência pode ser considerada eminentemente racional quando ainda temos que defender o empirismo?

4. Então, o que dizer sobre o fato de que o método científico, por sua própria natureza, pratica a falácia de afirmar o conseqüente em todo experimento?
 
Alguém que condena minha oposição ao empirismo deve mostrar como ele pode saber algo por sensação através de sua epistemologia parcial ou totalmente empírica.

Ele não pode prová-lo pela “pura razão”, visto que a própria lógica não carrega nenhum conteúdo a partir do qual ele possa derivar uma prova para o empirismo, e usar a intuição como um fundamento para a sensação requereria uma prova para a intuição como um caminho para o conhecimento, bem como um padrão comprovado para determinar que ocorrência de intuição é correta.

Então ele reivindica que a Escritura fornece as pré-condições para o empirismo? Ela certamente fornece as pré-condições para entendermos que ele é irracional e falso, mas ela fornece a justificação racional para dizermos que o empirismo é verdadeiro? Mateus 24:32 não é o único versículo da Bíblia.[2] O que dizer sobre João 12:28-29 e 2 Reis 3:16-24?

Se a Escritura mostra apenas um caso em que a sensação não é confiável, então precisamos pelo menos de um padrão ou método confiável pelo qual podemos dizer que ocorrência de sensação é confiável. Qual é esse padrão ou método? E esse padrão ou método é realmente confiável?
Ou, se eles reivindicam que uma sensação verifica a outra, então isso é uma falácia lógica, visto que não sabemos que uma é certa, e talvez ambas estejam erradas.

Assim, não importa quantas passagens bíblicas eles mostrem, mas enquanto houver ao menos uma passagem na Escritura que sugira a falibilidade da sensação, então voltamos à questão de um padrão ou método pelo qual podemos dizer qual ocorrência é confiável.

Mas eu já disse tudo isso em meus livros e artigos, de forma que tudo o que você precisa fazer é ler ou revê-los.

É engraçado para mim que alguns pressuposicionalistas têm argumentado tão apaixonadamente contra minha oposição ao empirismo, que é como se eles estivessem agora defendendo o empirismo, e duma maneira que frequentemente contradiz o que eles diriam quando eles argumentam contra o evidencialismo na apologética.

Apenas não se esqueça de perguntar se, a medida que eles atacam uma oposição ao empirismo, eles não têm justificado o empirismo. Como eles têm feito isso? E se o empirismo (qualquer grau ou tipo_ é parte da epistemologia deles, então eles devem primeiro justificar o empirismo antes de atacar uma oposição ao empirismo; de outra forma, eles estão apenas argumentando em círculo, enquanto não permanecem em nenhum lugar.

Finalmente, considere isso. Se eles reivindicam que uma pessoa deve usar as sensações físicas para ler a Bíblia, e que, em algum sentido, as palavras da Bíblia são transmitidas à mente através das próprias sensações físicas, e se eles admitem também que as sensações são falíveis, então o fato da Bíblia ser infalível ou não se torna imediatamente irrelevante para eles, visto que eles nunca podem ter uma Bíblia infalível na prática. Isso porque, em efeito, a Bíblia será apenas tão confiável para eles como o são as suas sensações.

Alguns deles dizem que a Bíblia ensina que Deus criou o homem duma forma que o homem pode usar seus sentidos para adquirir algum conhecimento, mesmo que as sensações sejam falíveis. Mas há pelo menos dois problemas com isso:

1.  Eles apenas estão dizendo que você deve usar os sentidos para ler a Bíblia em primeiro lugar, mas como eles descobriram o que a Bíblia diz sobre sensações sem primeiro provar a confiabilidade da sensação? Eles argumentam em círculos.

2.  A Bíblia fornece muitos exemplos mostrando que os sentidos são falíveis, que eles são frequentemente enganosos. Assim, mesmo que esqueçamos o ponto anterior, ainda estamos embaraçados quanto a quais ocorrências de sensações são confiáveis, e voltamos ao ponto de partida uma vez mais.
 
Assim, é a visão deles que é realmente incoerente.

Por um lado, meu esquema vence todas essas dificuldades, visto que eu começo a partir da mente de Deus, e não dos sentidos do homem.

Nesse ponto, eles algumas vezes exclamam: “Bem, então você não pode saber nada!”. Mas isso não prova que o empirismo é a saída do ceticismo! Assim, não seja enganado por argumentos como esse.

De fato, meu método sobrepuja o ceticismo por começar com a Bíblia – isto é, ele realmente começa com a porção da mente incorpórea de Deus que tem sido verbalmente revelada na Escritura – ao invés de simplesmente dizer que começamos com a Bíblia, mas então permitir que nossas sensações falíveis sejam o único meio de conhecer o que está na Bíbla em primeiro lugar.

NOTAS:

[1] - Esse é o nome dado à filosofia de Gordon Clark, e frequentemente aplicado a mim também.

[2] - E como já temos mostrado, Mateus 24:32 não pode provar uma epistemologia “Eu vejo, portanto eu sei”.

Extraído e Traduzido por Felipe Sabino, de Captive to Reason, de Vincent Cheung, páginas 34-36.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE COSMOLOGIA A UM EMPIRISTA – Vincent Cheung

          “Agora, você crê que a Terra é chata, ou que é uma esfera? Se crê que é uma esfera, então como sabe isso? Por sensação? Como? Você já viu a Terra do espaço?”

EMPIRISTA: Não, mas tenho visto fotos. Eu sei que ela é redonda baseado no significado de redondeza no idioma inglês.

CHEUNG: Mas eu já escrevi (e como você citou abaixo), “Talvez você tenha visto uma foto da Terra? Mas uma foto não é a Terra, de forma que na melhor das hipóteses você sentiu uma foto... Também, uma foto é chata; assim, como a Terra é uma esfera?”.

          “Ou você confia nos experts e cientistas? Mas então, você não sentiu o que alega conhecer, mas sentiu somente o testemunho desses “experts”. Talvez você tenha visto uma foto da Terra? Mas uma foto não é a Terra, de forma que na melhor das hipóteses você sentiu uma foto. Como você sabe que a foto não foi "fraudada”?”.

EMPIRISTA: Eu levo em consideração os elementos circunvizinhos quando observando.

CHEUNG: Que elementos circunvizinhos?

Que elementos circunvizinhos lhe dirão que a Terra é uma esfera quando você não pode vê-la como uma esfera?

Que elementos circunvizinhos lhe dirão que a Terra é uma esfera quando uma foto da Terra é chata?

Que elementos circunvizinhos lhe dirão que a Terra é uma esfera quando você tem apenas os testemunhos dos “experts”?

E como você sabe que eles são realmente experts por sensação?

EMPIRISTA: Eu testei as fontes… Examinei. Verifiquei abaixo das superfícies, e foi assim que abandonei a fé...

CHEUNG: Eu testei as fontes, examinei sua visão, verifiquei abaixo das superfícies, e foi assim que pude lhe chamar de UM IDIOTA!

          “Por sensação? Como você sente que ela “não foi tratada”? Também, uma foto é chata; assim, como a Terra é uma esfera?”

EMPIRISTA: A tecnologia forneceu dados suficientes que podem ser examinados por experimento científico e repetido, e isso funciona pra mim...

CHEUNG: Que tecnologia? Como você sabe que a tecnologia é confiável para testar algo, se, antes de tudo, você precisa da tecnologia para testar esse algo? “Dados suficientes"? Suficientes de acordo com quem? Suficientes de acordo
com você? Se sim, então seu padrão é subjetivo, mas você disse depender da “evidência objetiva”. Que evidência objetiva define que existem “dados suficientes”?

Assim, você confia nos “experimentos científicos”? Mas eu mostrei em meus livros que o método de experimentação comete a falácia de afirmar o conseqüente. Isto é,

Se X é verdade, então Y é verdade.
Y é verdade.
Portanto, X é verdade.

Mas isso é uma falácia porque pode ser que A, B ou C faça com que Y seja verdade, e não X. Repetir experimentos é apenas repetir esse procedimento falacioso novamente e novamente.

Até mesmo o ateísta Bertrand Russell admite:

     Todos os argumentos indutivos em última instância se reduzem à seguinte forma: “Se isso é verdade, aquilo é verdade: agora, aquilo é verdade, portanto, isso é verdade”. Esse argumento é, certamente, formalmente falacioso. Suponha que eu dissesse: “Se pão é uma pedra e pedras alimentam, então esse pão me alimentará; agora, esse pão me alimenta; portanto, ele é uma pedra, e pedras alimentam”. Se eu fosse promover tal argumento, certamente pensariam que sou louco, mas ele não é fundamentalmente diferente do argumento sobre o qual todas as leis científicas são baseadas.

E Karl Popper escreve:

     Embora na ciência façamos o máximo para encontrar a verdade, estamos cônscios do fato que nunca podemos estar certos se a alcançamos ou não... Na ciência não há nenhum “conhecimento”, no sentido no qual Platão e Aristóteles entendiam a palavra, no sentido que implica finalização; na ciência nunca teremos razão suficiente para a crença de que alcançamos a verdade... Einstein declarou que sua teoria era falsa – ele disse que ela seria uma melhor aproximação da verdade quando comparada à de Newton, mas deu razões pelas quais não poderia, mesmo que todas as predições estivessem corretas, considerá-la uma teoria verdadeira.

Mas Derek Sansone escreve:

          “Isso funciona pra mim”. “Pra mim”?!

Mas você alegou ser objetivo. Se você quer conhecer ou alega conhecer algo pela ciência, então deve sobrepujar essa objeção sobre afirmar o conseqüente, e estabelecer por argumentação sua filosofia de ciência.

(Veja também  "Is Science Superstitious?" de Bertrand Russell. Quase no final desse ensaio, ele escreve:

     “O grande escândalo na filosofia da ciência, desde os tempos de Hume, tem sido a causalidade e indução... Hume fez parecer que nossa crença é uma fé cega para a qual nenhum fundamento racional pode ser designado... Esse estado de coisas é profundamente insatisfatório... Devemos esperar que uma resposta venha a ser encontrada; mas sou completamente incapaz de crer que ela foi encontrada”.

Sansone não oferece nenhum argumento para apoiar a sua “fé cega” na causalidade e indução; ao invés disso, parece crer supersticiosamente na ciência. Quanto a mim, já expliquei e defendi minha visão da ciência em meus livros, com os quais Sansone evita se engajar).

          “O sol parece muito chato para mim. Agora suponha que eu olhe para o sol a partir do espaço e veja que ele é esférico; então, em que devo crer? Se afirmamos que o sol e a terra são esferas e que rotam, então a rotação não é realmente sentida, mas calculada. Mesmo então, como você confirma que nenhum erro foi feito no cálculo? Novamente por sensação? O que você sente?”

EMPIRISTA: Poderia haver erros.

CHEUNG: Como você sabe quando algo é um erro e quando não é? Se não pode dizer, então como sabe que você não está no erro agora?

EMPIRISTA: Mas sabemos pela cosmologia atual que o sol é uma esfera.

CHEUNG: Isso é apenas uma afirmação, não um argumento ou uma prova. Como você sabe que a “cosmologia atual” está correta? Não apenas diga, mas mostre! E quando você diz, “cosmologia atual”, você quer dizer que ela pode mudar? Se sim, então como você “sabe” que ela é correta agora? Qual é ela?

EMPIRISTA: Ele [o sol] parece chato da minha perspectiva também,

CHEUNG: KKKKKKKKKKKK ...

EMPIRISTA: mas isso é apenas por causa do meu ângulo...

CHEUNG: Como, como, como você sabe disso? Você conseguiu essa informação (“é apenas por causa do meu ângulo") da sensação?

Se eu olho para o sol do espaço, e ele se parece com uma esfera, eu posso simplesmente dizer: “Ele parece como uma esfera para mim, mas isso é apenas por causa do meu ângulo”.

Assim, o sol é chato ou é uma esfera? Como você sabe?

Por outro lado, até aqui você se mostrou um IDIOTA por qualquer ângulo.

Extraído de: http://www.monergismo.com/textos/apologetica/debate-ateista-sansone_v-cheung.pdf

Adaptado por: Cristiano Lima

CIÊNCIA É PESSOAS – Vincent Cheung



A ciência comanda tanto respeito em nossa sociedade que a maioria dos cristãos parece pensar que até mesmo Deus deve responder a ela para que Ele retenha qualquer credibilidade. Quando pregam para budistas, eles não argumentam que a fé Cristã é apenas uma forma mais forte de budismo. Quando confrontam as seitas, eles nunca tentam retratar Cristo como o principal líder da seita, ou o supremo satanista. No entanto, quando se dirigem àqueles que confiam na ciência, são movidos por uma ânsia degradante de oferecer a fé Cristã como mais científica do que as alternativas. Sem argumentos, os cristãos aceitam que a ciência descobre a verdade e expõe o erro, e assim o próprio evangelho deve passar por seu crivo para assegurar um lugar neste mundo.

Isso é muito estranho, porque as Escrituras nos dizem que o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é por ninguém julgado, e certamente não pelo homem natural.
Estou esperando que os cientistas me implorem e me convençam de que suas conclusões são cristãs!

A ciência não é Deus. A ciência não é a verdade. Não é uma coisa em si. Não é algum padrão eterno de verdade pelo qual todas as coisas são julgadas. O que ela é? A ciência é pessoas. Pessoas adivinham, escolhem, cometem erros, planejam financiamento, revisam suas teorias, inventam explicações e entram em um completo absurdo. Mas Jesus Cristo é Deus e Verdade. Ele é a racionalidade encarnada e não responde a ninguém. A ciência deve responder a Ele.

De: Endosso de um livro para outro autor

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Extraído de:
CHEUNG, Vincent. Backstage. 2016. p.37.

Traduzido por:
Cristiano Lima.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

A BÍBLIA SUSTENTA A CONFIABILIDADE DA SENSAÇÃO? – Vincent Cheung

Qualquer cristão que admite algum grau de confiança no empirismo e na ciência
para o conhecimento sobre a realidade faz isso por razões erradas. Para ilustrar, o filósofo cristão Ronald Nash escreve:

     […] muito do conteúdo da Bíblia depende da experiência e do testemunho humano. Se os sentidos forem completamente nãoconfiáveis, então não poderemos confiar nos relatos de testemunhas que dizem, por exemplo, que ouviram Jesus ensinar, ou que o viram morrer, ou que o viram ressurrecto três dias depois da sua crucificação. Se não houver nenhum testemunho sensorial da ressurreição de Jesus, então a verdade da fé cristã fica exposta a sério desafio. [1]

Tolice. Ele diz: “muito do conteúdo da Bíblia depende da experiência e do testemunho humano”. Isso é mentira. Nem uma só proposição na Bíblia depende da experiência e do testemunho humano. Antes, todo o conteúdo da Bíblia depende da inspiração divina, o que inclui às vezes um registro e uma interpretação divinamente inspirada do autor sobre a experiência e o testemunho humano. Temos aqui uma visão segundo a qual os autores bíblicos devem depender da experiência e do testemunho humano quando escrevem, pelo menos para obter algo do conteúdo; a outra diz que eles dependem apenas da inspiração divina, inclusive quando escrevem sobre a experiência e o testemunho humano. Há uma grande diferença entre as duas. Os não cristãos acreditam na primeira, mas os cristãos acreditam na segunda.

Nem uma só proposição na Bíblia depende da experiência e do testemunho humano.

Ele continua: “Se os sentidos forem completamente não-confiáveis, então não poderemos confiar nos relatos de testemunhas que dizem, por exemplo, que ouviram Jesus ensinar, ou que o viram morrer, ou que o viram ressurrecto três dias depois da sua crucificação”.
Isso também é falso. A menos que os sentidos sejam completamente confiáveis, não há nenhuma maneira de saber pela sensação até que ponto nossos sentidos são confiáveis.
Mas se os sentidos de forma alguma são confiáveis, não podemos nem mesmo saber pela sensação que eles de forma alguma são confiáveis, pois do contrário isso significaria que podemos de fato verificar pela sensação que toda sensação é falsa ― e estaríamos obtendo assim algo correto pela sensação, o que contradiria a noção que os nossos sentidos de forma alguma são confiáveis. Alguém poderia dizer que, pelo menos às vezes, os sentidos não são confiáveis; mas então, novamente, não haveria nenhuma maneira de julgar pela sensação até que ponto os sentidos são confiáveis, ou se são confiáveis em um caso particular.

     A menos que os sentidos sejam completamente confiáveis, não há nenhuma maneira de saber pela sensação até que ponto nossos sentidos são confiáveis.

A verdade é que não podemos saber pela sensação qual sensação está correta e
qual está incorreta, ou o grau de confiabilidade da sensação. Portanto, qualquer grau de dependência do empirismo em um dado assunto resulta em completo agnosticismo sobre esse assunto. Isto é diferente de um mero envolvimento da sensação, como no testemunho infalível das Escrituras sobre as observações empíricas de algumas pessoas. A dependência das Escrituras é da inspiração, com dependência zero da sensação. Se Deus assim o quisesse, qualquer passagem bíblica escrita sobre a observação empírica de uma pessoa poderia, de fato, ter sido escrita sem nenhum envolvimento da observação empírica.
Por exemplo, o primeiro capítulo de Gênesis foi escrito sem qualquer dependência ou envolvimento da observação empírica pelo autor de Gênesis, mas não é menos verdadeiro. O mesmo poderia ter acontecido com todas as passagens bíblicas sobre a ressurreição de Cristo, se Deus assim tivesse desejado. Portanto, nem uma só passagem bíblica realmente depende da experiência e do testemunho humano, embora o conteúdo de algumas passagens bíblicas de fato envolva experiência e testemunho humano, sem depender deles.

     Se os sentidos são menos que infalíveis, precisamos de uma autoridade ou padrão infalível não sensorial para julgar todos os casos de sensação para obtermos alguma informação confiável a partir delas.

Mas quando aceitamos um caso de sensação como sendo preciso por causa do testemunho dessa autoridade ou padrão infalível não sensorial, estamos na verdade aceitando o testemunho dessa autoridade ou padrão não sensorial, e não o testemunho da sensação. A Bíblia inclui testemunhos infalíveis sobre o que algumas pessoas perceberam pelos sentidos, e aceitamos que nesses casos as pessoas sentiram o que pensaram ter sentido porque aceitamos o testemunho da Bíblia sobre as sensações delas, e não porque aceitamos o testemunho das sensações delas. Essas pessoas poderiam estar erradas em todos os outros casos. Nash omite completamente essa distinção óbvia e necessária.
Finalmente, ele diz: “Se não houver nenhum testemunho sensorial da ressurreição de Jesus, então a verdade da fé cristã fica exposta a sério desafio”. Mas por que “a verdade da fé cristã” precisa depender do “testemunho sensorial”? De onde vem essa alegação e como ela é justificada? É claro que existem testemunhos sensoriais da ressurreição de Jesus, mas não temos contato direto com eles. Mesmo se tivéssemos, isso não ajudaria muito, pois não somos apóstolos e, portanto, nossa opinião sobre esses testemunhos não seria infalível. No entanto, temos contato direto com os testemunhos apostólicos infalíveis sobre esses testemunhos sensoriais e os testemunhos infalíveis dos apóstolos sobre o que eles próprios viram.
Para nos certificarmos de que entendemos o ponto de Nash, combinamos a segunda e a terceira parte de seu parágrafo:
     “Se os sentidos forem completamente não-confiáveis, então não poderemos confiar nos relatos de testemunhas que dizem, por exemplo, que… o viram ressurrecto três dias depois da sua crucificação. Se não houver nenhum testemunho sensorial da ressurreição de Jesus, então a verdade da fé cristã fica exposta a sério desafio”.
Mais uma vez, isso mostra que ele omite algumas distinções elementares.
Dizer que os sentidos não são confiáveis não significa dizer que eles estão sempre errados. Apenas significa que a sensação não fornece nenhuma base para determinar se um caso particular de sensação está correto ― como, por exemplo, se uma pessoa de fato vê o que ela pensa que vê. Assim, embora os sentidos não sejam confiáveis, as visões do Cristo ressurrecto podem ser verdadeiras. O problema não é que nunca vemos o que pensamos que vemos, mas como saber que vemos o que pensamos que vemos em um dado caso. O testemunho bíblico é que, naqueles casos onde as testemunhas pensaram ter visto o Cristo ressurrecto, elas estavam corretas ― elas de fato viram o Cristo ressurrecto.

     O problema não é que nunca vemos o que pensamos que
vemos, mas como saber que vemos o que pensamos que vemos em um dado caso.

Isso não faz nada para apoiar a confiabilidade da sensação, mas apenas a confiabilidade daqueles vários casos de sensação com base na infalibilidade da inspiração bíblica. A crença de que as testemunhas realmente viram o que pensaram que viram repousa totalmente no testemunho bíblico sobre as suas sensações, e não sobre as sensações em si.
Como ilustração, vejamos algumas passagens, começando com uma sobre uma batalha entre Israel e Moabe:
     [Eliseu] disse: “Assim diz o SENHOR: Façam este vale cheio de cisternas. Pois assim diz o SENHOR: Vocês não verão vento nem chuva, contudo este vale se encherá de água, e vocês, seus rebanhos e seus outros animais beberão. Isso é ainda pouco aos olhos do SENHOR; ele também entregará Moabe nas mãos de vocês. Vocês destruirão toda cidade fortificada e toda cidade importante. Derrubarão toda árvore frutífera, taparão todas as fontes e arruinarão todas as terras de cultivo com pedras”.
     Na manhã seguinte, na hora de oferecer o sacrifício, aí estava ― água veio descendo da direção de Edom! E a terra foi alagada com água.
     Ora, todos os moabitas ouviram que os reis tinham vindo para lutar contra eles; assim, todos os homens que poderiam empunhar armas, jovens e velhos, foram convocados e posicionaram-se na fronteira. Quando se levantaram logo cedo na manhã seguinte, o sol refletia na água. Para os moabitas que estavam defronte dela,
a água parecia vermelha ― como sangue. “É sangue!”, gritaram. “Os reis lutaram entre si e se mataram. Agora, ao saque, Moabe!”
     Mas quando os moabitas chegaram ao acampamento de Israel, os israelitas os atacaram e os puseram em fuga. E os israelitas invadiram o território e arrasaram os moabitas. (2 Reis 3.16-24, NIV)
O que os moabitas viram ― sangue ou água? Os moabitas pensaram ter visto
sangue, mas seus sentidos os enganaram. Sabemos que eles viram água que parecia sangue porque é isso o que diz o testemunho infalível das Escrituras. Assim, essa passagem indica que os sentidos não são confiáveis e mostra que dependemos da inspiração divina para nos informarmos sobre casos particulares de sensações.
Outra passagem é Mateus 14.25-27, onde Jesus andou sobre a água:
     “Alta madrugada Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar. Quando o viram andando sobre o mar, ficaram aterrorizados e disseram: ‘É um fantasma!’. E gritaram de medo. Mas Jesus imediatamente lhes disse: ‘Coragem! Sou eu. Não tenham medo!’”.
Os apóstolos pensaram ter visto um fantasma, quando na verdade estavam obsevando Jesus. Portanto, até as percepções sensoriais dos apóstolos estavam às vezes erradas. Mas, em si mesma, a passagem de Mateus 14 não está sujeita à falibilidade das percepções sensoriais, pois não está baseada nas percepções sensoriais; antes, é um testemunho infalível sobre como as percepções sensoriais dos apóstolos enganaram eles neste caso em particular.
João 12.28-29 diz:
     “‘Pai, glorifica o teu nome!’ Então veio uma voz dos céus:
‘Eu já o glorifiquei e o glorificarei novamente’. A multidão que ali estava e a ouviu, disse que tinha trovejado; outros disseram que um anjo lhe tinha falado”.
Então, eles ouviram um trovão ou uma voz? Não podemos dizer com base na sensação ― até mesmo as pessoas que estavam presentes não chegaram a um consenso. Contudo, o testemunho infalível das Escrituras nos dá a interpretação; portanto, se você acredita que essa voz foi mais que um trovão, sua crença não tem de fato nenhuma base no testemunho da sensação ― sua única base é a autoridade das Escrituras, que é o princípio primeiro e a autoridade última do cristão.
Aqui está outro exemplo:
     “Os onze discípulos foram para a Galiléia, para o
monte que Jesus lhes indicara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram” (Mateus 28.16-17).
Mas alguns duvidaram?! Eles estavam bem ali observando o Cristo ressurrecto ― como podiam duvidar? Mas eles duvidaram, e isso não é surpresa debaixo de uma epistemologia bíblica que rejeita a confiabilidade da sensação.  O empirismo não pode justificar nenhuma crença e não pode resistir ao escrutínio. Logo, “se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (Lucas 16.31).

Por esta razão, muito embora Jesus estivesse bem à frente deles, em vez de usar
evidência empírica para convencer os discípulos de sua ressurreição, ele preferia que eles cressem com base nas Escrituras infalíveis:
     Enquanto conversavam e discutiam essas coisas entre si, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles; mas eles foram impedidos de reconhecê-lo… Ele lhes disse: “Como vocês são tolos e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas e então entrar na sua glória?”. E, começando com Moisés e todos os Profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras. (Lucas 24.15-16, 25-27, NIV)
O versículo 16 diz: “Eles foram impedidos de reconhecê-lo”. A pessoa que depende de suas sensações estaria realmente em desvantagem aqui, não é mesmo? De
fato, o versículo 24 parece implicar a dependência dos profetas de suas sensações: “Então alguns dos nossos companheiros foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito, mas não viram ele” (NIV). Se esses discípulos foram impedidos de reconhecer Cristo, poderíamos saber o que eles viram ou não viram sem um testemunho infalível dando-nos a verdade? Cristo responde: “Como vocês são tolos e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram!” (v. 25, NIV). Podemos ser tolos e crer em nossa sensação ou podemos ser sábios e crer na revelação bíblica.
     Podemos ser tolos e crer em nossa sensação ou podemos ser sábios e crer na revelação bíblica.
Em outro lugar, Jesus diz: “Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram
e creram” (João 20.29). Este versículo é usado às vezes para contrapor o ensino que as sensações não são confiáveis, que elas não podem oferecer nenhum conhecimento. Mas esse uso é uma distorção estranha da intenção do versículo. O versículo não diz nada sobre a confiabilidade das sensações. O contraste imediato não é nem mesmo entre a sensação e a revelação, mas entre a presença e a ausência de uma base de sensação. Jesus diz que uma crença nele sem base na sensação é uma crença abençoada. Ele nem mesmo diz mais abençoada, porque, de fato, nenhuma benção é atribuída a uma crença que tem base na sensação. Não se quer com isso dizer que uma crença que tem alguma base na sensação é falsa; mas, pelo menos neste versículo, nenhuma bênção é vinculada a ela. Como as pessoas vão acreditar se não tiverem as experiências sensoriais relevantes? Jesus fala sobre “aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles” (João 17.20); isto é, pessoas virão à fé em Cristo por causa do que os apóstolos falam e escrevem.
1 João 1.1-3 é uma passagem favorita para os empiristas, mas ela prova o que eles querem?
     O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam ― isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada. Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.
Certamente a passagem contém várias referências às sensações, mas não dá nenhuma garantia de que todas as nossas sensações, algumas de nossas sensações ou qualquer uma de nossas sensações são confiáveis. Pelo contrário, ela é um testemunho divinamente inspirado sobre a experiência que João e os outros tiveram com Jesus Cristo. A partir desta passagem, não podemos dizer que todas as sensações de João eram confiáveis. Na verdade nem mesmo podemos dizer que todas as sensações de João sobre Cristo eram confiáveis, já que ele poderia ter sido um daqueles que pensaram ter visto um fantasma andando sobre a água, quando na verdade tratava-se de Jesus. Assim, a passagem não dá nenhum suporte à confiabilidade da sensação ou uma teoria empírica de epistemologia.
O que a passagem diz é que os apóstolos tiveram contato físico com Jesus, que ele tinha um corpo humano real e era a encarnação de Deus. Isso é tudo o que podemos deduzir sobre sensação a partir desta passagem. A maior parte da passagem é totalmente independente da sensação. Por exemplo, João chama Jesus de “o que era desde o princípio”, “Palavra da vida”, “a vida”,a vida eterna” e “Filho [de Deus]”. Mas é impossível saber ou inferir, a partir de uma sensação temporal do aparecimento físico de Cristo, que ele era “o que era desde o princípio”. Seu corpo era um corpo humano real, de modo que por vê-lo ou tocá-lo ninguém poderia ter sabido que ele era Deus.
Quando Pedro disse a Jesus “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16.16), Jesus respondeu: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus” (v. 17). Pedro não veio a saber que Jesus era o Cristo e Filho de Deus pela visão ou toque, mas pela iluminação divina concedida à sua mente pela graça soberana de Deus. Em 1 João 1.1-3, o apóstolo está dizendo aos leitores o que ele viu e tocou; ele jamais diz que descobriu a natureza e identidade do que viu e tocou por ver e tocar. Ele ficou sabendo da natureza e identidade do que viu e tocou da mesma maneira que Pedro ― pela iluminação divina, totalmente à parte da sensação. E é assim que uma pessoa hoje pode vir a conhecer e concordar com a verdade a respeito de Cristo. Que diferença! A passagem dá suporte zero ao empirismo e, em vez disso, revela a impotência da sensação.
Há muitos outros exemplos, mas vamos encerrar com aquele onde Paulo escreve sobre a ressurreição de Cristo.
     Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo. (1 Coríntios 15.3-8)
Como Nash, muitos cristãos defendem que devemos conceder um lugar
essencial à sensação em nossa epistemologia porque a Bíblia concede esse lugar à sensação, e até depende da sensação em algumas passagens. Entre outros exemplos, eles usam passagens como 1 Coríntios 15.3-8.
Os versículos 5-8 contêm a parte relevante para o empirismo. Novamente,
recebemos a passagem não como uma sensação ou observação, mas como revelação bíblica. Ela pode conter informação sobre sensações e observações, mas a autoridade do testemunho reside na inspiração divina das Escrituras, e não no conteúdo empírico ao
qual ela se refere. De fato, Paulo começa por enfatizar que o que Cristo fez se deu “segundo as Escrituras” (v. 3-4).
Se Deus endossa Abraão, a autoridade do seu endosso não vem de Abraão. Ao
contrário, Abraão recebe credibilidade por causa do endosso de Deus. Se o endosso é específico a um aspecto ou evento na vida de Abraão, o endosso não pode ser aplicado a toda a vida de Abraão. Da mesma forma, quando a Bíblia testifica sobre algo, sua autoridade não repousa sobre aquilo que ela testifica, mas sobre a inspiração divina. Isto é, a Bíblia é verdadeira não porque foi confirmada por sensação ou observação, mas porque foi produzida por inspiração divina.
A Bíblia é verdadeira não porque foi confirmada por sensação ou observação, mas porque foi produzida por inspiração divina.
Claro que existem evidências “empíricas” para a ressurreição de Cristo ― os discípulos viram Cristo muitas vezes depois de sua ressurreição. Mas não é por causa dessas ocorrências que sabemos que a Bíblia é verdadeira; antes, sabemos sobre elas por causa da Bíblia, e por causa da Bíblia é que também sabemos que aquelas pessoas de fato viram o que pensaram que viram. Sabemos que Cristo ressuscitou porque a Bíblia assim o diz, e sabemos que os discípulos viram o Cristo ressurrecto também porque a Bíblia assim o diz. No entanto, é impossível avançar então além do que a Bíblia diz e derivar dela uma teoria empírica de epistemologia.
Se você acredita na ressurreição de Cristo por causa das percepções sensoriais
de outras pessoas, ou mesmo de suas próprias percepções sensoriais, você não tem nenhuma defesa contra todas as supostas visões e aparições, mesmo aquelas que contradizem as que você defende. Mas visões e aparições contraditórias entre si não podem ser todas verdadeiras; assim, basear crenças religiosas em percepções sensoriais, sejam elas suas ou de outras pessoas, pode apenas resultar em confusão, incerteza e ceticismo. No entanto, se a nossa autoridade última são as Escrituras, podemos declarar com base nessa autoridade que aqueles que têm visões e experiências antibíblicas estão delirando.
Os cristãos creem na ressurreição de Cristo por causa do testemunho infalível
dos apóstolos, e às vezes os apóstolos registraram o que eles ou outras pessoas viram, julgando esses casos particulares como sendo precisos por inspiração divina. É isso o que a Bíblia mostra sobre as percepções sensoriais ― às vezes elas são precisas, e às vezes elas não são precisas, e sabemos quando elas são precisas baseados na inspiração divina dos profetas e apóstolos. É obviamente impossível tomar isso e inferir que as Escrituras concedem algum grau de confiabilidade às sensações.
É o testemunho infalível das Escrituras que dá confirmação a casos particulares
de observações empíricas, e assim, aqueles que dizem que devemos dar um lugar às sensações em nossa epistemologia porque a Bíblia, às vezes, depende das sensações inverteram a ordem de autoridade. Sensações não confiáveis não podem provar ou refutar as afirmações bíblicas; por outro lado, as afirmações bíblicas podem provar ou refutar casos particulares de sensações. Mas, visto que ninguém hoje pode afirmar possuir inspiração ou infalibilidade divina, nenhum caso de sensação ou observação hoje pode ser certificado pela autoridade divina.
É obvio, então, que tudo acerca do cristianismo repousa na revelação bíblica. As
Escrituras são a nossa autoridade última, e nada mais importa em contraste. Você pode fazer então a mais importante das perguntas: “Você faz com que tudo seja apoiado na verdade da Bíblia, mas a Bíblia é de fato verdadeira?”. Assim que você faz essa pergunta, o foco do debate se desloca da historicidade da ressurreição de Cristo para o princípio primeiro cristão da inspiração e infalibilidade bíblica. Se a Bíblia é de fato inspirada e infalível, tudo o que ela diz é verdade, incluindo tudo o que ela diz sobre a ressurreição de Cristo e sua importância. Se prosseguir por tempo suficiente, todo debate deverá ser finalmente resolvido no nível pressuposicional. E assim que o debate chega ao nível pressuposicional, o nível dos princípios primeiros, já o vencemos.
NOTA:
[1] Ronald H. Nash, Questões Últimas da Vida - Uma Introdução à Filosofia; Editora Cultura Cristã. 2008; p. 164.
Tradução de Marcelo Herberts 08/04/2011
Via: Monergismo.com

terça-feira, 3 de julho de 2018

CRIAÇÃO: No princípio – Vincent Cheung

     No princípio, Deus criou os céus e a terra. (Gênesis 1:1)

Existe algum debate sobre o significado da criação neste verso, e assim também sobre a tradução correta para a palavra.
Os argumentos linguísticos e históricos não são totalmente inúteis, mas para aqueles que carecem de treinamento técnico, ou que simplesmente não têm paciência para discussões acadêmicas, há uma maneira simples de resolver essas questões sem tais recursos.

A matéria não pode ser eterna, no sentido de ser atemporal, pois não há antes e depois com aquilo que é atemporal. E se não há antes e depois com a matéria, então seria impossível que ela fosse de uma forma antes e de outra depois. Portanto, se a matéria muda, ela não pode ser eterna. A matéria não poderia ter existido para sempre, pois se a matéria não está ligada ao tempo, mas existiu para sempre, ela teria então, um passado infinito. Mas se ela tem um passado infinito, ela nunca poderia ter chegado ao presente. Se chegou ao presente, o passado não pode ser infinito. Portanto, a matéria não é eterna, mas está ligada ao tempo, e foi originada nele em algum momento.

Deus é incriado. Ele é eterno, atemporal e imutável. E Ele criou o universo a partir do nada, isto é, sem o uso de qualquer material existente, uma vez que não havia materiais existentes quando Ele o criou. Todos os argumentos linguísticos e históricos que tentam sugerir uma visão oposta devem estar errados. De fato, esses tipos de argumentos são irrelevantes, a menos que os argumentos lógicos baseados nas próprias ideias de matéria e criação sejam demonstrados como inconclusivos.

     Devido à sua natureza irracional e falaciosa, a ciência deve se silenciar sobre a origem do universo. Quando se trata deste tópico, sua confiança na sensação (que não é confiável), indução (cujas conclusões nunca são necessariamente inferidas das premissas), e experimentação (que envolve uma repetição sistemática da falácia de afirmar o consequente), é ainda mais evidentemente absurda do que o habitual, como se fosse possível. Em vez de ceder ao método impotente de descoberta do homem e tentar extrair a verdade da falsidade, nós o expomos e o descartamos . Se ele se recusar a honrar a revelação bíblica, nós o chicotearemos em submissão com a sequencia rígida da lógica.

Deus criou todas as coisas, incluindo a luz, o céu, a água e a terra. E Ele também configurou as relações entre esses objetos, incluindo os movimentos e as interações dos corpos celestes e as estações do ano. Ele criou a vegetação, plantas e árvores. Sem qualquer dependência ou relação com estes; Ele fez as criaturas do mar e as do céu. E sem qualquer dependência ou relação com estes, Ele fez as criaturas terrestres. Cada um pertence a sua própria espécie sem qualquer associação direta com os demais.

Então, Deus criou o homem em sua própria imagem divina. Deus fez o corpo do homem a partir de materiais retirados diretamente do solo, sem qualquer dependência ou relação com as plantas ou os animais. Nada foi tirado deles para fazer o homem. Depois disso, Deus deu vida ao corpo, de modo que uma pessoa humana corporificada é uma dicotomia, consistindo do incorpóreo e do corpóreo, do espiritual e do físico. A essência do homem é a vida que Deus soprou, já que o homem é considerado uma pessoa mesmo quando está desincorporado. Ao contrário do corpo humano, esta vida veio completa e imediatamente de Deus, sem qualquer dependência ou relação com coisas previamente criadas, nem mesmo a própria terra. Quanto à mulher, ela foi criada a partir do homem, novamente sem qualquer dependência ou relação com a vida vegetal ou animal.

É comum afirmar que Deus não cria mais nada, especialmente do nada, já que se diz que Ele descansou no sétimo dia. Esta é uma interpretação injustificada. No entanto, às vezes é usada com descuidada confiança, de modo que, por exemplo, presume-se que Jesus nunca restaurou partes ausentes do corpo em seus milagres de cura, pelo menos sem usar materiais existentes, porque isso envolveria a criação. Existem várias outras aplicações forçadas disso. Em todo caso, o resto do sétimo dia é dito apenas em relação a obra realizada nos seis dias anteriores. Não há indicação de que Deus estaria em repouso para sempre. De fato, Jesus disse que o Pai nunca havia parado de trabalhar, e Ele disse isso em conexão com o sábado (João 5:17). Não há base para dizer que Deus não irá criar de novo, mesmo do nada, ou que Ele não tenha feito isso.

Essa doutrina da criação fornece uma base crucial para muitas outras doutrinas. Ela nos fala sobre a natureza de Deus, que Ele é cheio de sabedoria e poder. Nos diz que Deus está no controle de todas as coisas, uma vez que Ele criou todas as coisas e determinou o curso da história de acordo com o seu plano. Ela nos fala sobre seu relacionamento especial com o homem, uma vez que Ele criou o homem em sua própria imagem divina, e então declarou ao homem seus mandamentos. Nos fala sobre como Deus percebeu sua própria criação, que ela era boa. Ela nos fala sobre o desígnio de Deus para o homem e a mulher, que eles devem se casar, que o casamento é entre um homem e uma mulher, e que o homem deve ter autoridade sobre a mulher. Acima de tudo, nos diz que o homem deve servir e adorar a Deus, que o homem está perdido até que ele encontre seu lugar no Criador através de Jesus Cristo, e que aqueles que conhecem a Deus possam ter a certeza de que ele encontrou a fonte e a rocha de sua existência.

Traduzido de 'Sermonette: volume 1'. pp. 7-8. por Cristiano Lima.



segunda-feira, 2 de julho de 2018

ALGUMAS PERGUNTAS PARA OS EMPIRISTAS – Vincent Cheung

INTRODUÇÃO
O que se segue são algumas perguntas que fiz a um ateu, há vários anos, durante uma troca de mensagens. Essas perguntas e outras semelhantes são irrespondíveis por qualquer sistema de crença, que coloque qualquer dependência na confiabilidade das sensações, tornando-as insustentáveis.
As perguntas não se aplicam apenas a sistemas não cristãos, mas quase todas elas também se aplicam a qualquer sistema de teologia, filosofia ou apologética que chame a si mesmo de cristão; e que afirme a
confiabilidade das sensações, incluindo aquele que afirma que a confiabilidade das sensações é "apropriadamente . de modo que não seja necessário nenhuma justificação racional; e aquela escola do pseudopressuposicionalismo que afirma que as pressuposições bíblicas "explicam" a confiabilidade das sensações, indução e ciência .
Mesmo que seja "apropriadamente básico" ser capaz de ver uma miragem, também é adequadamente inútil fazê-lo a menos que possamos saber, por sensação, que se trata de uma miragem. Portanto, a confiabilidade básica adequada não é suficiente; o que o empirista adequadamente precisa é, de infalibilidade básica. Mas ele tem mesmo confiabilidade básica?
Então, é pura blasfêmia afirmar que os princípios bíblicos podem "explicar", em um sentido que aprove ou justifique algo que é inerentemente ilógico ou impossível, como empirismo, indução e ciência, cujo método de experimentação acrescenta à falácia da afirmação do  consequente, as falácias do empirismo e da indução. Assim, essa filosofia, que afirma ser um método de apologética, faz com que Deus e a Escritura sejam cúmplices da irracionalidade e falsidade. Não obstante, é verdade que por sua doutrina da depravação humana a Escritura pode explicar essa blasfêmia insensata e perversa .
O pseudopressuposicionalismo pretende começar dos princípios bíblicos como sua base, mas quando pressionado sobre o assunto, afirma, e até insiste, que a confiabilidade das sensações é o ponto de partida epistemológico necessário, até mesmo que ela é a precondição pela qual os princípios bíblicos são conhecidos. Assim, a menos que esse sistema possa justificar a confiabilidade das sensações, ele é excluído da própria Escritura – do próprio Cristianismo. Uma vez que, de fato, não justifica a confiabilidade das sensações, com ou sem pressuposições bíblicas, ele, por necessidade lógica, tornou-se uma filosofia pagã.
Naturalmente, há muitas outras questões e desafios que podemos colocar aos empiristas, sejam eles da variedade "cristã" ou não cristã. Estes são fornecidos em meus outros escritos.
PERGUNTAS PARA OS EMPIRISTAS
Desde que a sensação é tão importante para a sua opinião, eu gostaria de entender o que você está falando.
O que é uma sensação? Como você aprendeu o significado de uma sensação? Como sabe quando está tendo uma sensação? Você sente a sensação de saber que tem uma sensação? Se você sente uma sensação, então como sabe disso? Você sente a sensação que sente a sensação? Então, você sente a sensação que sente a sensação que sente a sensação? Se essa não é sua opinião, então por favor explique. Isto é, se a informação vem da sensação, então como você sabe quando está tendo uma sensação?
Você nunca teve uma sensação? Como sabe disso? A falta de sensação é uma sensação? Então, você sente que não está tendo uma sensação?
Você pode ter uma sensação e não estar consciente disso?' Como sabe disso? Você já sentiu que não está consciente de uma sensação particular? Se sim, então você não está de fato consciente disso? Isso não nos leva de volta à questão original, isto é, você pode ter uma sensação e não estar consciente disso?
Ou, você está consciente de todas as sensações que está tendo? Como você sabe disso? Você sente que está sentindo tudo? Mas então, você sente que sente que está sentindo tudo? Como sabe disso? Novamente pela sensação?
Você sempre sente tudo ao seu redor? Se não, como sabe que não está sentindo tudo ao seu redor se não está sentindo tudo para saber o que há para sentir e saber o que há, mas sem sentir?
Que tal ondas de rádio? Existem ondas de rádio? Se sim, você sente ondas de rádio? Se você usa um aparelho de rádio para captar essas ondas, o que você está sentindo? O som do rádio ou as ondas de rádio? Você ouve palavras e músicas do rádio? Em caso afirmativo, então são palavras de ondas de rádio e música? Você pode dizer que esses são os "efeitos" das ondas de rádio. Mas então, você está apenas sentindo os efeitos e não a causa. Se sim, como você sabe a causa? Se você infere dos efeitos para a causa, então como sabe que a inferência é válida? Novamente pela sensação? O que você acha que confirmaria isso?
Além disso, como você sabe que não sabe certas coisas? Pela sensação? Mais uma vez, a falta de sensação é uma sensação? Como sabe disso? Você sente que a falta de sensibilidade é uma sensação?
Então, se você sabe que não sabe certas coisas, quais são essas "certas coisas"? Se você sabe o que elas são, então deve saber o que elas são por sensação, mas então, isso significa que você as sentiu – se sim, em que sentido você não as conhece?
Você acredita que a terra é plana ou que é uma esfera? Se você acredita que é uma esfera, então como sabe disso? Pela sensação? Como? Você já viu a terra do espaço?
Ou você confia nos especialistas e cientistas? Mas então você não sentiu o que afirma saber, mas sentiu apenas o testemunho desses "especialistas". Talvez você tenha visto uma imagem da terra? Mas uma imagem não é a terra, então, na melhor das hipóteses, você sentiu uma imagem. Como você sabe que a imagem não foi "adulterada"? Pela sensação? Como você sente "não adulterada"? Além disso, uma imagem é plana, então como a terra pode ser uma esfera?
O sol parece bastante plano para mim. Agora suponha que eu olhe para o sol do espaço e veja que ele é esférico, então em que eu devo acreditar? Se afirmamos que o sol e a terra são esferas e que elas giram, então a rotação não é realmente sentida, mas sim calculada. Mesmo assim, como você confirma que nenhum erro no cálculo foi feito? Novamente pela sensação? O que você sente para saber disso?
Além disso, você acredita em átomos? Você já sentiu um átomo? Mesmo se você o tem sentido, como você sabe que existem outros átomos além daquele que você sentiu? Ou devemos apenas confiar nos cientistas? Eles são o seu papa? Se você não acredita em tudo o que eles dizem, então por que você aceita algumas coisas do que eles dizem enquanto outras não, quando você não sentiu nenhum das duas (exceto pelo testemunho deles, mesmo que seja)? Eles viram átomos? Eles viram os efeitos dos átomos? Se sim, como eles sabem que esses efeitos foram produzidos por átomos? E ainda assim, talvez eles sentissem os efeitos (mesmo que seja), e não os átomos.
Como você aprendeu seu nome? Você aceitou uma palavra como seu nome, só porque as pessoas chamaram você o suficiente? Posso pensar em várias coisas para chamá-lo além do seu nome, mas você aceitará uma ou mais dessas palavras como seu nome ou nomes se eu lhe chamar por essas coisas com frequência suficiente? Por que ou por que não? Se eu te chamar de "Ralph" duas vezes, você aceitaria isso como seu novo nome? Que tal seiscentas vezes? Por que ou por que não? Quantas vezes é "muitas vezes suficiente"? Como você sabia que isso era suficiente quando aceitou seu nome pela primeira vez? Você sentiu "o suficiente"? Ou os efeitos de "suficiente"? Como? Você é o cachorro de Pavlov? Mas nem sempre há comida depois da sensação do badalar do sino, há? Ou você de alguma forma fez uma inferência do que ouviu? Se sim, você sentiu a inferência? Por favor, escreva o processo de inferência na forma silogística para que você possa exibir sua validade lógica.
Você gosta de lógica? Você quer ser racional? Então, como você aprendeu a lei da contradição? Se você aprende todas as coisas pela sensação, então como sentiu a lei da contradição? Se você sentiu que usou ou aplicou e então inferiu esta lei, então seu conhecimento ainda é da sensação? Ou é da sensação mais inferência lógica? Mas então, como você usou a inferência lógica antes de aprender a lei da contradição? Além disso, antes de aprender a lei da contradição, você teve sensações? Nesse caso, você aplicou a lei da contradição a essas sensações, de modo que uma sensação não poderia significar uma coisa e seu contraditório ao mesmo tempo? Se você não aplicou a lei, então como é que todas as sensações não foram absurdas? Se você aplicou a lei, como você pôde fazer isso antes de aprendê-la?
Como você aprendeu a palavra "Deus"? Se todo o conhecimento vem da sensação, então você sentiu Deus? Se você sentiu Deus, então por que você é um ateu? Se você não sentiu Deus, então talvez tenha ouvido a palavra e inferido o significado da palavra, mas então, por sensação, você apenas aprendeu o som e não o significado, já que você inferiu o significado. Mas então, você e eu inferimos a mesma coisa do som? Queremos dizer a mesma coisa quando dizemos "Deus"? Se não queremos dizer a mesma coisa, então todos os argumentos que você tem contra "Deus" não se aplicam a mim.
Quanto à questão da identidade pessoal, como você sabe que você é a mesma pessoa hoje como foi ontem? Você sente que é a mesma pessoa? Mas não podem duas coisas diferentes dar-lhe a mesma sensação? Se sim, então o problema permanece. Se não, então como você sabe? Isto é, como, ou o que você sentiu que duas coisas neste universo não podem lhe dar a mesma sensação, de modo que você possa sempre distinguir entre coisas diferentes?
Traduzido de 'Sermonettes: volume 1', p. 67-70. por Cristiano Lima.

HOMOSSEXUALIDADE E A IRA DE DEUS – Vincent Cheung

❝ Há o argumento do “nasci desse jeito”. Algumas pessoas, dizem eles, nascem
homossexuais. Elas não podem fazer nada. Está em seus genes. Mas a genética é irrelevante. Primeiro, a ciência não pode dar suporte racional a um argumento genético, pois a própria ciência é irracional. A ciência depende da sensação, indução e experimentação. Mas a sensação não é confiável, e uma epistemologia empírica pode ser facilmente refutada. Indução é uma falácia formal, e sua conclusão nunca é uma inferência necessária das premissas. Quanto à experimentação, ela envolve um uso repetido de sensação e indução conduzido por um método caracterizado pela falácia de afirmação do consequente, de forma que a coisa toda gira numa conclusão arbitrária e impossível após outra. Eles dão a isso o nome de teorias científicas.

Mas por um momento façamos de conta que a ciência pode descobrir a verdade.
Façamos de conta que existem tais coisas como genes. Façamos de conta que genes são essas coisas que a ciência diz. Façamos de conta que a ciência descobriu um gene que está associado à homossexualidade. Então façamos de conta que o homem não pode mudar os seus genes. Depois de toda essa suposição e faz de conta, o argumento ainda sofre de irrelevância. E daí que algumas pessoas nascem homossexuais? E daí que elas não podem fazer nada? Isso não torna a homossexualidade correta, e de fato também não torna a homossexualidade algo errado. O argumento é totalmente irrelevante. A própria ciência não diz que algumas pessoas nascem mais violentas ou mais suscetíveis ao vício do álcool? Ah, não vou insistir neste ponto, já que a ciência pode mudar o seu posicionamento amanhã, na próxima semana ou daqui a dez anos. Eles chamam isso de progresso científico.❞
(pp. 2-3)

HOMOSSEXUALIDADE E A IRA DE DEUSVincent Cheung
> http://www.monergismo.net.br/textos/homossexualismo/homossexualidade-ira-Deus_Cheung.pdf <

Traduzido em 07 de setembro de 2010, por Felipe Sabino.
Revisado por Marcelo Herberts.

domingo, 1 de julho de 2018

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO – Vincent Cheung

Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão.

Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo. (1 Coríntios 15: 1-8)

A ressurreição de Jesus Cristo é parte integrante do Evangelho. É uma parte necessária da fé Cristã. Embora isso seja óbvio para muitos de nós, ainda precisa ser enfatizado. Isso ocorre porque há pessoas que negam a realidade da ressurreição, no entanto reivindicam associação com a fé Cristã. Eles se apresentam como seguidores de Cristo e até professores e teólogos da igreja. Assim, devemos continuar a reafirmar e esclarecer o evangelho, e, ao fazê-lo, devemos refutar essa noção de que é aceitável negar a ressurreição; e explicitar a implicação dessa negação.

Primeiro, Paulo escreve, Cristo morreu de acordo com as Escrituras. Este é o ponto mais significativo. Muito antes disso acontecer, Deus testificou pelos profetas que o Cristo sofreria e morreria pelas mãos de homens iníquos, e Jesus repetidamente disse isso a seus discípulos durante seu ministério terreno. Poderíamos ter conhecido sobre a morte de Cristo totalmente à parte das testemunhas oculares, uma vez que nada poderia ter tornado o evento mais certo do que as palavras inspiradas dos profetas. Mesmo que a Bíblia não tivesse dito nada sobre a realidade da sua morte, saberíamos que isso deveria ter acontecido. Os profetas predisseram, e nos Evangelhos, Jesus disse que isso iria acontecer com Ele.

No entanto, a Bíblia também testifica sobre a realidade de sua morte, além disso, houve muitas testemunhas oculares. Agora, as testemunhas em si fornecem um testemunho muito inferior ao testemunho infalível do Espírito Santo. Nossa certeza, portanto, não se baseia na ideia de que houve testemunhas oculares, mas no registro da Bíblia sobre essas testemunhas oculares e o que elas viram. A distinção é crucial porque é somente quando colocamos desta maneira que nossa atenção nunca se afastará da Perfeição e da Veracidade de Deus, e nossa fé nunca repousará em nada menos que a inspiração do Espírito Santo. Quando se trata das coisas de Deus, ou conhecimento Infalível sobre qualquer evento; se o homem testemunhar alguma coisa, não é o testemunho do homem que verifica o testemunho de Deus, mas o testemunho de Deus que confirma o testemunho do homem.

Teríamos sido informados sobre a morte de Cristo a parte de seu sepultamento, mas a menção de seu sepultamento chama a atenção para a natureza histórica de sua morte. Isso torna o testemunho da Bíblia ainda menos sujeito a interpretações errôneas. Sua morte não era algo metafórico ou imaginário, nem era para ser entendida dessa maneira. Foi uma morte física. Seu corpo expirou; e foi manejado, examinado, embalsamado e sepultado em um túmulo. Isso prepara o cenário para a sua ressurreição, pois para que sua ressurreição fosse o que a Bíblia diz, a sua morte deveria ser o que a Bíblia diz ser.

Jesus Cristo foi ressuscitado no terceiro dia, de acordo com as Escrituras. Mais uma vez, Ele repetidamente disse a seus discípulos sobre isso antes que acontecesse. Os profetas predisseram que o Cristo seria ressuscitado, e Jesus confirmou que os profetas estavam falando sobre Ele. Assim, mesmo à parte de suas aparições pós-ressurreição, podemos ter certeza de que Ele ressuscitou dos mortos e que está vivo hoje. Nossa confiança não repousa no testemunho do homem como tal, mas no testemunho de Deus e em sua certeza de que o testemunho do homem sobre a ressurreição é verdadeiro.

E Ele realmente apareceu para muitos homens e mulheres em diferentes lugares e em diferentes ocasiões. Eles lidaram, andaram e conversaram com Ele. Ele pegou um pedaço de pão e o partiu. Até cozinhou e comeu com eles. Assim, a ressurreição não era algo metafórico ou imaginário. Ele não foi ressuscitado como um fantasma, mas com um corpo que era físico, apesar de ter sido aperfeiçoado com características e habilidades celestiais. Ele apareceu para pessoas específicas que Paulo poderia nomear: Pedro, os Doze, Tiago e ele próprio. Uma vez Ele apareceu para quinhentas pessoas ao mesmo tempo, a maioria das quais ainda vivia quando esta carta foi escrita, para que os coríntios pudessem entrevistá-los, se o quisessem.

A ressurreição de Cristo é uma doutrina definida e inequívoca que não deixa espaço para distorções ou interpretação figurativa. Paulo escreve: “ Este é o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes”, e “ Por meio do qual vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão.” Os coríntios foram contados como cristãos porque creram nessa mensagem. Se eles a tivessem rejeitado, ou se tivessem falhado em mantê-la, então teriam “crido em vão” e não teriam possuído o benefício associado ao Evangelho. Isto é, eles não teriam recebido a salvação.

A mensagem cristã exige que seus ouvintes tomem partido pela morte e ressurreição de Jesus Cristo, não em algum sentido ambíguo ou metafórico, mas como eventos reais na história. A fé Cristã não é primeiro para ser tomada como uma mensagem para a reforma ética ou progresso social, mas a ética é fundada sobre as históricas, criação , queda e redenção. No entanto, ao contrário de alguns que estão ansiosos para preservar este aspecto histórico da fé, é um erro pensar que o fundamento último da fé Cristã seja histórico. Não é, porque o próprio histórico é fundado na existência e decreto eternos de Deus. Em todo caso, é fútil simplesmente imitar o aspecto ético do Cristianismo. Não há salvação nisso. A base da fé Cristã é o eterno, que efetuou o histórico, e que é a base para o ético e o social. Há salvação somente nessa compreensão do evangelho.

Traduzido de http://www.vincentcheung.com/2011/01/19/the-resurrection-of-christ/ por Cristiano Lima