sexta-feira, 12 de outubro de 2018

OS PROBLEMAS DO EMPIRISMO - Excertos – Vincent Cheung

Sumário:

      Primeiro princípio;
      Sensação;
      Indução;
      Ciência;
      Falseabilidade;
      Probabilidade; e
      Cosmovisão.
                             
O PROBLEMA DO PRIMEIRO PRINCÍPIO EMPÍRICO:

"... a proposição “Todo conhecimento vem da experiência sensorial” falha em ser um primeiro princípio sobre o qual uma cosmovisão pode ser construída. Isso é porque se todo conhecimento vem da experiência sensorial, então isso propõe que o primeiro princípio deve também ser conhecido somente pela experiência sensorial, mas antes de justificar o princípio, a confiabilidade da experiência sensorial não tem sido estabelecida ainda. Assim, o princípio gera um círculo vicioso e auto-destrutivo. Não importa o que possa ser deduzido validamente de tal princípio — se o sistema não pode sequer começar, o que se segue do princípio é sem justificação."(Questões Últimas, p.17)

PROBLEMAS DA SENSAÇÃO:

" Sobre a base do empirismo, se você for ver uma maçã sobre uma mesa, seria impossível para você dizer que há dois objetos — uma maçã e uma mesa. Baseado na sensação somente, você seria incapaz de dizer onde um objeto termina e o outro começa. Em qualquer determinado momento, você é bombardeado por muitas sensações, e se você for conhecer os objetos que você está vendo por uma epistemologia empírica, então isso significa que sua mente deve organizar e combinar essas sensações para agrupar aquelas que pertencem aos seus objetos correspondentes. (NOTA 46: Como Gordon Clark escreve, alguém pode “numa ocasião combinar a cor vermelha e o gosto suculento para fazer uma maçã, se ele desejar; mas ele não pode em outra ocasião combinar essa cor com o cheiro do sulfato de hidrogênio e o som do Si bemol para fazer um boogum?” Thales to Dewy; The Trinity Foundation, 2000 (original: 1957); p. 307-308). Contudo, isso requer que sua mente conheça os atributos e aparências desses objetos antes de você observá-los, (NOTA 47: De outra forma, você não saberia como organizar e combinar as sensações. Em adição, sobre a base do empirismo, é impossível para você dizer a distância entre dois objetos. O próprio espaço não é observável aos sentidos; ninguém jamais viu ou tocou o “espaço”.".(p. 37-38)

PROBLEMA DA INDUÇÃO A PARTIR DAS SENSAÇÕES:

"... todas as inferências a partir das sensações são inevitavelmente falaciosas; nenhuma inferência a partir da sensação pode alcançar a validade silogística formal." (p. 37)

" O conhecimento nunca pode vir pelo método empírico, visto que qualquer inferência a partir da sensação está obrigada a ser uma inferência desnecessária, e assim, inválida." (Pág. 47)

O PROBLEMA DO MÉTODO CIENTÍFICO A PARTIR DA CONCLUSÃO DE UMA INDUÇÃO:

"... se cada inferência a partir da sensação é falaciosa, então isso significa que cada inferência é uma conclusão desnecessária ou até mesmo arbitrária a partir de premissas que são, antes de tudo, duvidosas."

O PROBLEMA DA FALSEABILIDADE:

Algumas pessoas afirmam que se uma reivindicação não é logicamente falseável, então igualmente não pode ser logicamente estabelecida, ou que não tem qualquer sentido. Mas isto depende do que estamos falando e porque tal coisa não é falseável. E se é o caso que isso não é falseável porque é necessariamente verdadeiro? Se algo é necessariamente verdadeiro, então não é falseável; se algo é falseável, então não é necessariamente verdadeiro. A nossa reivindicação racionalmente justificada é que o Cristianismo é necessariamente verdadeiro.

Agora, se uma pessoa reivindica que nada é necessariamente verdadeiro, então esta reivindicação em si não é necessariamente verdadeira. Essa pessoa precisa oferecer um argumento demonstrando que é necessariamente verdadeiro que nada é necessariamente verdadeiro, mas se o seu argumento é correto, então ele refuta a si mesmo (o que significa que é impossível construir um argumento válido a partir dessa conclusão), e se o seu argumento não é válido, então ele falha em provar a sua conclusão (que nada é necessariamente verdadeiro).

Mas por que precisaríamos aceitar em primeiro lugar qualquer versão do princípio da falseabilidade? Trata-se apenas de uma “bela” desculpa por fracassar em refutar o Cristianismo. Não é minha culpa que os incrédulos sejam intelectualmente débeis. Se não podem competir, que permaneçam fora do ringue ao invés de inventar princípios estúpidos para se justificar. ❞(Cativo pela Razão)

O PROBLEMA DA PROBABILIDADE:

" Algumas pessoas tentam salvar a indução dizendo que, embora ela não possa conclusivamente estabelecer qualquer proposição, ela pode pelo menos estabelecer uma proposição como provável. Mas isso seria tanto enganoso como falso. Probabilidade refere-se à “relação dos números de realizações numa série exaustiva de realizações igualmente prováveis que produzem um dado evento ao número total de realizações possíveis”.[31] Mesmo que concedamos que os métodos empíricos e indutivos possam descobrir o numerador da fração (embora eu negue que eles possam sequer fazer isso), determinar o denominador requer conhecimento de um universal, e a onisciência é freqüentemente necessária para estabelecer isso.
Visto que a probabilidade consiste de um numerador e um denominador, e visto que o denominador é um universal, e visto que os métodos empíricos e indutivos não podem conhecer denominadores universais, então dizer que a indução pode chegar a um conhecimento “provável” é absurdo. Mesmo a parte de outros problemas insolúveis inerentes ao próprio empirismo, uma epistemologia que é baseada sobre um princípio empírico não pode ter sucesso, visto que o empirismo necessariamente depende da indução, e a indução sempre é uma falácia formal."

O PROBLEMA DE UMA COSMOVISÃO EMPÍRICA:

"... uma cosmovisão empírica é precisamente uma que constrói algumas, a maioria ou até mesmo todas as proposições dentro dessa cosmovisão sobre essas inferências falaciosas. É desnecessário dizer que tal cosmovisão é completamente inútil, mas esse é o tipo de cosmovisão abraçada por muitas pessoas, desde estudantes a cientistas." (p.37)

Compilado por Cristiano Lima