segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A ETERNIDADE DE DEUS – Vincent Cheung

O nome divino que Deus revelou a Moisés: "EU SOU O QUE EU SOU" (Êxodo 3:14), aponta para sua autoexistência. Também sugere que Deus existe em um estado eterno. Ele criou o próprio tempo e é independente dele. Este atributo da existência de Deus é chamado de ETERNIDADE ou ATEMPORALIDADE. Gênesis 21:33 diz que Ele é "o Deus Eterno". O Livro de Salmos revela que Ele é “de eternidade a eternidade” (41.13), e que Ele é “desde a eternidade” (93.2). O apóstolo Pedro escreve: “para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pedro 3.8).

A natureza eterna de Deus implica que todo conhecimento é uma intuição eterna para Ele. Há uma sucessão de ideias na mente do homem. Ele raciocina de premissas para conclusões, um processo que ocorre no tempo e como uma sucessão de ideias na mente. Mas visto que Deus é atemporal, nenhuma proposição é cronologicamente considerada antes de outra proposição, de modo que todas as proposições estão diante de sua mente como uma intuição ou pensamento eterno. Portanto, Deus pensa sem associações mentais ou uma sucessão de ideias. Ele pensa por intuição pura, uma vez que todo conhecimento está simultaneamente presente diante dele, incluindo fatos que dizem respeito ao nosso futuro.

Isso não significa que a lógica seja inaplicável à Deus ou que a lógica seja diferente para Ele.
A lógica é a mesma para Deus como é para nós, mas porque Ele é eterno e onisciente, seu pensamento não é caracterizado por uma sucessão de ideias. Como todos os seus pensamentos estão simultaneamente presentes, todas as premissas e conclusões estão simultaneamente presentes diante de sua mente. Isso não afeta as relações lógicas entre essas premissas e conclusões.
Ele conhece essas relações e elas são as mesmas para Ele como são para nós.

Quando Ele traduz seus pensamentos em palavras, como Ele fez na Bíblia, os pensamentos que estão simultaneamente presentes em sua mente são organizados em uma sucessão de ideias, em sua ordem lógica, e escrita. Sua apresentação segue os princípios da lógica, que procedem de sua natureza racional. Como a Bíblia diz, no princípio era a Palavra - isto é, o Logos, que significa lógica, razão, sabedoria, e assim por diante  –  e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.

Assim, essa visão da lógica não se baseia em especulação, mas como a Bíblia é a palavra de Deus, o livro inteiro nos mostra como Deus se expressa em palavras. Além disso, o Filho de Deus tomou carne humana, entrou no reino do tempo e viveu entre nós. O relato bíblico sobre Ele mostra que Ele articulou seus pensamentos em uma fala inteligível, organizada de acordo com os princípios da lógica. Portanto, embora o pensamento de Deus não consista em uma sucessão de ideias, sabemos que ele pode ser traduzido corretamente em proposições e organizado como uma sucessão de ideias, de modo que, embora seus pensamentos sejam mais elevados que nossos pensamentos, Ele pode falar conosco de modo que possamos pensar seus pensamentos.

Algumas pessoas insistem que nossa constituição mental é tão diferente que a própria lógica, com Deus é diferente. Eles afirmam que há uma "lógica humana" e que há uma "a lógica de Deus", e que os argumentos da lógica humana podem não se aplicar a Deus. Mas isso revela um mal-entendido da lógica. A lógica não consiste em regras arbitrárias ou inventadas, mas dos princípios necessários do pensamento. Sua finalidade não é apenas tornar a comunicação conveniente; antes, se houver algum pensamento, as leis da lógica se aplicam por necessidade.

O homem não inventou a lógica, mas a lógica veio de Deus, e nós temos alguma compreensão da lógica e percebemos sua necessidade porque Deus pensa de acordo com os princípios da lógica, e Ele nos fez à sua própria imagem. Deus pensa de acordo com os princípios da lógica não porque Ele seja subserviente a um conjunto de regras que sejam mais elevadas que Ele mesmo; em vez disso, os princípios da lógica são descrições do modo como Deus pensa. São descrições de sua natureza racional.

Assim, dizer que a lógica é maior do que Deus seria análogo a dizer que a onipotência é maior que Deus. Ou, dizer que se Deus pensa de acordo com a lógica, então Ele seria subserviente à lógica, é análogo a dizer que se Deus fosse onipotente, então Ele seria subserviente à onipotência. Não, Ele é onipotência. Onipotência é sua natureza; não é algo diferente de, externo a, ou contingente a Ele. A palavra é uma descrição do seu poder. Da mesma forma, Deus é lógica, verdade, sabedoria, racionalidade e assim por diante. Essas coisas não são maiores ou menores que Deus  –  elas são Deus. São descrições que enfatizam o aspecto intelectual da natureza divina.

Portanto, não há de fato tal coisa como a lógica humana, mas a lógica de Deus é o único tipo de lógica, e quando pensamos de acordo com as leis da lógica, imitamos a operação de sua mente.

Além disso, argumentar que a "lógica humana" não se aplica a Deus é usar a lógica humana para dizer algo sobre Deus, o que é auto-refutável. Se a lógica humana é inaplicável a Ele, então não se pode jamais falar dessa maneira e ao mesmo tempo esperar fazer sentido. A lógica é de Deus e é, ou a lógica de Deus ou nenhuma lógica.

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Extraído de:
CHEUNG, Vincent. Systematic Theology. ed. 2010. pp. 56-58.

Traduzido por:
Cristiano Lima, em 05/11/2018.