segunda-feira, 23 de julho de 2018

ATOS 17 – Vincent Cheung

" v. 26a

Continuando com esse tema, que o único Deus verdadeiro é que dá vida aos homens e todas as demais coisas, Paulo detalha a visão bíblica e diz no versículo 26, “De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra”. Os atenienses criam ser indígenas, tendo sido formados da terra, tal que eles seriam diferentes e superiores a todos os outros povos, que consideravam bárbaros. A declaração de Paulo contradiz não apenas as explanações religiosas e filosóficas dos atenienses, mas ataca a crença que constituía o fundamento do orgulho étnico ateniense.

Uma vez que o grego não esclarece quem ou o que é o “um”, várias sugestões
têm sido dadas, mas “de um homem” parece o mais apropriado ao contexto. A intenção principal da sentença é que Deus criou a humanidade de um ponto inicial – que o Cristianismo assevera ser Adão, o primeiro homem. Diferentes raças e nações de homens foram originadas de um homem, ao invés de muitos. Desde que todas as raças e nações de homens originaram-se de um homem, não há justificativa para a crença que qualquer raça ou nação de homens é inerentemente superior ou privilegiada em detrimento das outras, pelo menos não no sentido que muitos criam ser superiores ou privilegiados. Mesmo que haja algumas diferenças entre as raças e nações, persiste o fato que todos os seres humanos foram feitos à imagem de Deus.

A ciência e a filosofia não-cristã não têm fundamento a partir do qual afirmar
a unidade e a igualdade das raças. Por exemplo, à parte da revelação bíblica da origem do homem, por qual princípio confiável e autoritativo você pode asseverar que o genocídio e o canibalismo são imorais? Por que seria errado uma raça destruir outra, ou pessoas de uma raça matar pessoas de outra raça por comida? A ciência não pode demonstrar que todos procedemos de um só homem.[50] Se essas questões parecem chocantes e ultrajantes, os incrédulos deveriam ter uma resposta pronta para isso. No entanto, à parte da autoridade bíblica, nenhum princípio pode fornecer um fundamento adequado sobre o qual se possa então estabelecer julgamentos morais para essas questões. Por qual autoridade moral absoluta e universal você impõe a sua moralidade sobre mim, proibindo-me de cometer genocídio e canibalismo? É moralmente “errado” eu fazer algo só porque você quer que eu não faça? A menos que os princípios morais tenham a revelação bíblica como seu fundamento, serão todos destruídos quando desafiados.

Uma vez que eu expus o meu argumento contra a evolução em outro lugar,
não irei repeti-lo aqui.[51] Mas eu cito a evolução para ilustrar um ponto anterior. Tal como em todos os outros tópicos principais relativos à questão da origem humana, nós não devemos dizer que os incrédulos estão fazendo “boa ciência”, que são acadêmicos brilhantes e honestos, e que se forem apenas um pouco mais cuidadosos, finalmente acreditarão na criação divina. Não, eles não são brilhantes; eles não são honestos; e eles não estão fazendo boa ciência. Para chegar a um conhecimento da verdade, não seria suficiente os incrédulos simplesmente fazerem uma “ciência melhor”; eles precisam mudar completamente os seus primeiros princípios ou axiomas fundamentais, e não simplesmente seus teoremas subsidiários. Isso implica uma obra soberana de Deus em seus corações, e se isso não acontecer, permanecerão nas trevas espiritual e intelectual.

Os incrédulos podem lhe dizer que são intelectualmente neutros, mas não
acredite neles, pois neutralidade intelectual não existe. Ou você é por Cristo ou é contra Cristo. Uma pessoa que reivindica examinar os argumentos a favor do Cristianismo a fim de determinar sua validade é contra o Cristianismo, enquanto estiver simplesmente ponderando esses argumentos, e ela não será a favor do Cristianismo até que Deus mude o seu coração. Os incrédulos são preconceituosos com Deus; eles têm uma agenda contra ele. Têm levantado pressuposições que evitam a verdade como revelada nas Escrituras. No entanto eles alegam que vão seguir os fatos onde quer que os levem, e então irão desafiá-lo a provar que os fatos levam às suas conclusões empregando as pressuposições e métodos deles! Os cristãos não devem cair nessa armadilha. Embora os nossos primeiros princípios sejam diferentes daqueles dos incrédulos, não precisamos assumir que seja fútil argumentar com tais pessoas; antes, nós podemos desafiar as suas pressuposições como nosso caso negativo e apresentar o princípio auto-comprobatório da infalibilidade bíblica como nosso caso positivo. A menos que eles possam fornecer um primeiro princípio adequado justificando suas reivindicações subsidiárias, eles não têm nem mesmo o direito de apresentar essas reivindicações à nossa consideração, como no caso da evolução.

NOTAS DE RODAPÉ:

[50] A minha posição é que a ciência não pode provar qualquer coisa sobre qualquer coisa. Mas a título de argumentação, mesmo que a ciência possa demonstrar que todos nós procedemos de um só homem, ainda não há justificativa para censurar o genocídio ou o canibalismo, a menos que haja uma
interpretação divina da implicação moral desse fato, manifestada a nós pela revelação verbal.

[51] Vincent Cheung, Systematic Theology. Em poucas palavras, desde que biologia pressupõe cosmologia, e tanto biologia quanto cosmologia pressupõe epistemologia, a menos que os evolucionistas possam tornar explícita a sua epistemologia e metafísica, demonstrando que ambos são justificáveis e coerentes, não precisamos nem mesmo ouvir a respeito da sua teoria sobre a biologia. "

Extraído de:
CHEUNG, Vincent. Confrontações Pressuposicionalistas. ed. 2003. pp. 45-46.

Traduzido por:
Felipe Sabino e Marcelo Herberts, em 08/2006.

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