sábado, 28 de julho de 2018

O TESTEMUNHO DO ESPÍRITO – Vincent Cheung

Pois vocês não receberam um espírito que os torna escravos novamente para temer, mas vocês receberam o Espírito de filiação. E por ele, clamamos: "Abba, Pai". O próprio Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus. Agora, se somos filhos, então somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se realmente compartilharmos seus sofrimentos, para que possamos também participar da sua glória.
(Romanos 8:15-17)

Jesus Cristo alcançou os seus escolhidos, mais do que uma mera absolvição, é tão preciosa como necessária, mas em sua bondade extrema, Deus os adotou como seus filhos e os transformou à semelhança de seu Filho. Então, seu Espírito Santo, faz com que eles estejam confiantes em seu amor duradouro para com eles, e confiem no seu estado como seus filhos. Portanto, a certeza de que alguém foi resgatado da condenação não vai longe o suficiente. Deus nos fez filhos, e quer que a conheçamos.

Não é uma questão de "Sou um membro deste clube?" Essa é uma maneira errada de considerar a questão. Quando Deus converte um homem pela fé em Cristo, o Espírito de filiação ou adoção permite e inspira a pessoa a se dirigir a Deus como "Pai". Isto é, ao mesmo tempo uma indicação de quem Deus é para o homem, e quem o homem é para Deus. Torna-se natural para o homem chamar Deus de seu Pai, porque o homem é filho de Deus. Em outras palavras, a confiança da adoção não é contingente em algo que você tem, mas concorrente com algo que você é. Essa confiança não é uma implicação derivada de algo que fazemos ou fizemos, mas é uma identificação com o que Deus fez em nós. Você é aquele que chama Deus de seu Pai?

Paulo escreve: "O próprio Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus". Assim, o conhecimento de nossa salvação não é uma informação que descobrimos, mas é uma informação que o Espírito de Deus, testifica independente do nosso esforço ou nosso estado subjetivo da mente. Se a ênfase está no Espírito, em testificar ao nosso espírito ou junto com o nosso espírito,  a informação  é anunciada, mesmo imposta a nós, por uma pessoa estrangeira e com poder.

Deus nos transformou em seus filhos, para que o chamemos de Pai por causa do que agora somos, e o Espírito de Deus, testifica  com nosso espírito que somos seus filhos. O resultado não é uma mentalidade subjetiva ou alguma atitude, mas conhecimento e certeza. Você é o que é - um filho de Deus. E o Espírito diz o que ele diz - você não pode fazê-lo fazer, e você não pode impedi-lo de fazê-lo. Quando Deus testemunha algo para e com o seu ser interior, e quando ele fez você naquela mesma coisa de que ele testifica, há um conhecimento inevitável. Não pode haver uma forma mais certa de conhecimento, mesmo na vida futura.

Há uma distinção entre o aspecto privado, e o aspecto público do nosso relacionamento com Deus, e onde a questão do conhecimento se aplica, há uma distinção entre conhecimento privado e conhecimento público. A menos que possamos ter onisciência, ou quase uma onisciência, de modo que conhecemos todos os pensamentos de todos os crentes em toda a história, como eles comungam com Deus em suas mentes, então esta distinção é evidente e inegável. E essa distinção persistirá na vida futura a menos que ganhemos onisciência, ou quase onisciência, para conhecer todos os pensamentos que os santos colocarão no altar, de suas mentes em toda a eternidade. A distinção entre público e privado, se mantém mesmo que apenas uma pessoa tenha um único pensamento privado diante de Deus em toda a história. Isto é assim, não só porque nos falta onisciência, mas porque Deus cuida para que isto seja o caso: "Eu também lhe darei uma pedra branca com um novo nome escrito nele, conhecido apenas por aquele que a recebe" (Apocalipse 2:17). Este aspecto privado de nosso relacionamento é precioso para ele, e ele não vai abandoná-lo para evitar perturbar nossas tradições teológicas e teorias filosóficas.

Esta distinção, geralmente não é mencionada quando resumimos a fé cristã como um sistema intelectual e quando envolvemos os não-cristãos no debate. A razão é que nesses contextos, o objetivo é apresentar a cosmovisão bíblica como uma filosofia pública. A Bíblia é uma revelação pública da história e cosmovisão da fé cristã. A informação é acessível a todos para serem estudados e discutidos. Esta revelação pública,  é o que declaramos aos crentes e aos incrédulos, e é o que defendemos diante de seus opositores. O testemunho do Espírito de que eu sou filho de Deus, não é o que prego. E é a fé cristã, como uma visão de mundo e não eu mesmo como um crente, que eu defendo quando eu enfrento os críticos.

Tanto o nosso conhecimento privado, como o nosso conhecimento público na vida futura, repousam na mesma base do conhecimento público que agora possuímos - todo conhecimento vem da mente de Deus e se torna nosso por sua ação. No estudo da filosofia e apologética, estabelecemos que não há nenhum conhecimento além do que derivamos da Bíblia. O contexto, é o tipo de conhecimento público disponível para nós nesta vida. Com efeito, isso significa que nosso conhecimento público nesta vida, se limita ao que Deus revelou na Bíblia, e nosso conhecimento privado é limitado ao que Deus nos faria saber como declarado na Bíblia, incluindo o conhecimento de adoção. Assim, esta distinção entre conhecimento privado e público, não deixa espaço para que os não-cristãos, derivem o mesmo  conhecimento privado, uma vez que suas sensações e especulações não são confiáveis.

Para ilustrar ainda mais, considere o conhecimento inato de Deus mencionado em Romanos 1 e 2. Lá, diz-se que todos os homens possuem conhecimento da natureza e do poder de Deus, bem como as exigências morais da lei, além da revelação pública das Escrituras. Embora todos os homens possuam este conhecimento, é privado, no sentido de que é interno, de modo que não está sujeito a um exame público e não pode ser a base para uma declaração pública. Um homem, não pode examinar o conhecimento inato de outro homem sobre Deus, mesmo se ambos possuem esse conhecimento. (na verdade, a influência deste conhecimento privado é frequentemente evidente na filosofia pública dos homens, mas o próprio conhecimento permanece interno.) Isto tem algumas semelhanças com o conhecimento privado, que os escolhidos recebem em relação ao seu lugar em Cristo, mas há diferenças importantes. A confiança de filiação não é possuída por todos os homens, mas apenas por cristãos. E eles têm esse conhecimento, não por causa de sua constituição natural como aqueles feitos à imagem de Deus, mas por causa da operação especial do Espírito Santo.
A doutrina cristã deve afirmar, que uma confiança privada de filiação é possível, e que é uma realidade para o crente. Deve afirmar sua possibilidade porque a revelação pública da Bíblia faz espaço para ela, e deve afirmar sua realidade, porque a revelação pública da Bíblia declara-a como uma operação do Espírito Santo no cristão. Embora alguns se oponham a esta doutrina, o Espírito ainda testifica a meu espírito, além do meu esforço, que sou um filho de Deus. É uma obra divina objetiva, e não uma crença ou atitude subjetiva. Não é uma questão de auto-descoberta. Se ele não testemunhar o mesmo sobre você, como é que pode ser  minha culpa? Mas alguns desejam desviar a atenção de sua própria falta de certeza, e alguns crucificariam a Bíblia para proteger sua própria tradição ou filosofia.

O testemunho do Espírito, é uma operação interna que resulta em conhecimento privado. O Espírito testifica ao meu espírito, que sou filho de Deus. Novamente, isso geralmente não é mencionado porque não nos relacionamos uns com os outros com base no testemunho interno do Espírito. O Espírito não diz o que eu sou. Você terá que me julgar de acordo com a revelação pública da Palavra de Deus. Você deve interagir comigo e examinar minha confissão, meu caráter, e assim por diante. Eu não posso pregar o testemunho do Espírito ao não-cristão, e oferecer-lhe um pouco de lucro pessoal, para acreditar que eu sou um filho de Deus. Em vez disso, devo declarar-lhe o evangelho e as doutrinas de Jesus Cristo, para que ele possa crer e tornar-se filho de Deus.

Agora, se somos filhos de Deus, então também somos herdeiros de Deus, até co-herdeiros com Cristo. Por isso, temos a confiança necessária para suportar o sofrimento, sabendo que, se compartilharmos de seus sofrimentos, também compartilhemos de sua glória. Por outro lado, os não-cristãos não têm o Espírito de adoção e seu testemunho de que eles são filhos de Deus. Eles não herdarão mais do que fogo e enxofre.

Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2011/10/29/the-witness-of-the-spirit/

Traduzido por: Edu Marques

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