terça-feira, 10 de julho de 2018

MAS O QUE É CONHECIMENTO – Vincent Cheung

Eu nego que indução, sensação e ciência possam produzir qualquer conhecimento, e eu forneci justificação bíblica e racional para isso em meus escritos. Além das típicas respostas e evasões falaciosas, uma delas é perguntar: "Mas o que é conhecimento?" Isto é, se não podemos definir conhecimento, ou se não podemos justificar nossa definição de conhecimento, então pareceria sem sentido dizer que indução, sensação e ciência não podem produzir nenhum conhecimento.
Esse sofisma é apenas mais uma tática evasiva usada por aqueles que não conseguem responder meus argumentos.
A objeção erra o ponto. O ponto é que a indução, a sensação e a ciência envolvem processos falaciosos de raciocínio, de tal modo que nunca podem descobrir premissas verdadeiras, e nunca podem produzir conclusões logicamente válidas a partir das premissas. Ou seja, é impossível usar indução, sensação e ciência para raciocinar validamente das premissas X e Y até a conclusão Q em relação a qualquer assunto P.  Assim, minha disputa contra meus oponentes permanece mesmo se nunca definirmos ou sequer mencionarmos "conhecimento".
Assumindo a premissa "Eu vejo um carro vermelho", como é possível raciocinar validamente dessa premissa para "Há um carro vermelho"? Deve haver outra premissa para preencher a lacuna entre "Eu vejo" e "", mas como essa premissa deve ser racionalmente obtida e justificada, em vez de apenas assumida teimosamente? Esse é o ponto, e esse é o desafio que meus oponentes ainda não conseguem responder.
Tal como está, não existe uma diferença racional entre saltar de "Eu vejo um carro vermelho" para "Há um carro vermelho" e saltar de "Eu imagino um carro vermelho" ou "Eu desejo um carro vermelho" para "Há um carro vermelho". Qual é a diferença racional entre sensação, imaginação e expectativa?
Como é possível saltar de "Eu vejo" para "" e não poder saltar de "Eu imagino" ou "Eu desejo" para ""? Qual é a premissa adicional que faz a diferença? E como essa premissa é racionalmente obtida e justificada? A questão não é a definição de conhecimento, mas a validade do processo de raciocínio.
A objeção é sofística e irracional. Quer definamos ou não conhecimento e quer nossos oponentes definam ou não conhecimento, a objeção não faz nada para justificar a indução, a sensação e a ciência, mas tenta nos distrair do ponto principal, na esperança de esquecermos o fracasso deles em fazer qualquer progresso em estabelecer seu caso.
A objeção afirma que eu preciso definir "conhecimento" em uma proposição tal como "A ciência não pode produzir nenhum conhecimento". Mas eu me recuso a ser intimidado ou distraído por sofismas. Eu posso fazer o mesmo desafio contra meus oponentes sem usar a palavra "conhecimento". Eu os desafio a demonstrar como as sensações podem descobrir premissas verdadeiras. Eu os desafio a mostrar como a indução pode validamente chegar a conclusões que estão além da informação incluída nas premissas. Eu os desafio a demonstrar como a ciência pode chegar a qualquer conclusão sobre qualquer coisa com validade lógica. Desafio-os a me mostrar, mesmo uma conclusão, em toda a história humana, que foi alcançada pela sensação, indução e ciência com validade lógica.
Eu posso continuar a  pressionar meu desafio contra a indução, sensação e ciência sem usar a palavra "conhecimento". Por exemplo, eu digo que a ciência não pode validamente deduzir ou inferir qualquer coisa porque ela comete a falácia lógica de afirmar o consequente. Estou fazendo o mesmo ponto quando digo que a ciência não pode produzir nenhum conhecimento.
Embora eu possa definir conhecimento e usar a palavra para desafiar a questão, se eu fizesse isso neste contexto, meus oponentes provavelmente continuariam sua política de evasão e tentariam contestar minha definição. Mas eu me recuso a permitir que trapaceiros intelectuais me intimidem ou me distraiam. A questão real é como eles podem usar a indução, sensação e ciência para validamente raciocinar das premissas para a conclusão sobre qualquer coisa.
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Extraído de:
CHEUNG, Vincent. Captive to Reason. ed. 2009. pp.31-32.
Traduzido por:
Cristiano Lima, em 09/07/2018

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