sexta-feira, 20 de julho de 2018

DEUS É LÓGICA – Vincent Cheung


 

(O que se segue é uma correspondência de e-mail editada)

Estou tentando caminhar com dificuldade por seus diferentes livros e documentos, de forma que, por favor, perdoe-me se eu não tiver (1) chegado a esse assunto ainda ou (2) se eu não o percebi.

Estou presentemente tendo uma discussão sobre Deus e lógica. Uma premissa tem sido feita de que “Deus=lógica” e “lógica=Deus”. Do seu ponto de vista, essa é uma premissa válida? Ou ela seria melhor declarada como “Deus é lógico!”?

Para dar um pequeno contexto, estamos discutindo a Trindade e como ela é lógica — o mesmo para a união hipostática de Cristo.

Uma pessoa disse: “Eu discordo com a declaração de que Deus é lógica. Isso é contrário à revelação bíblica. Lógica tem como seu alvo uma declaração verdadeira. É importante reconhecer que lógica é uma ferramenta, não uma verdade”.

Você tem alguns pensamentos sobre o assunto?

 

Eu digo algo sobre isso em meus livros, mas eu darei um sumário aqui.

Há diferentes sentidos nos quais podemos usar a palavra “Lógica”, e quando respondendo a questão, devemos especificar o significado.

É errado dizer diretamente que “Deus é Lógica” é contrário à revelação bíblica, pois João 1:1 diz que Cristo é o “Logos”, o que pode ser tão facilmente traduzido por “Razão” ou “Lógica” como por “Palavra”. De fato, no contexto desse versículo, que apresenta Cristo como o verdadeiro “Logos” da filosofia grega (o princípio de racionalidade que estrutura, regula e sustenta todas as coisas) — mas no sentido correto e personificado — é provavelmente preferível traduzi-lo por “Razão” ou “Lógica” antes do que por “Palavra”.

Portanto, nesse sentido, é verdade que “Deus é Lógica”. Contudo, estamos usando a palavra num sentido pessoal e personificado — ou no sentido mais pleno. “Lógica” (talvez “Razão” seja a melhor palavra) nesse sentido é uma pessoa, e inclui conteúdo intelectual (tudo o que Deus sabe). A ênfase, então, é sobre a racionalidade de Cristo o Logos — que todas as coisas são consistentes em Sua mente e em Suas obras, que Sua sabedoria e poder estrutura, regula e sustenta todas as coisas de acordo com Sua perfeita racionalidade.

Nós frequentemente usamos a palavra “lógica” num sentido mais restrito — como nas “leis da lógica”. Quando estamos usando a palavra nesse sentido, então, eu não diria que “Deus é as leis da lógica”; antes, a relação entre as leis da lógica e Deus é que essas leis são descrições da forma como Deus pensa e opera. Quando estamos usando a palavra nesse sentido, então, “lógica” é deveras vazia de conteúdo; contudo, elas não são meras “ferramentas” — quando estamos pensando logicamente (de acordo com as leis da lógica), não estamos usando meras “ferramentas” de pensamento, como se elas fossem separadas e independentes da mente de Deus, mas estamos imitando a forma como Deus pensa e opera. Chamar as leis da lógica de meras ferramentas pode transmitir a idéia de que elas são algo que Deus tem meramente dado ou até mesmo inventado para nós usarmos (o que seria falso), ao invés de regras necessárias de pensamento que devemos seguir para imitar o padrão de pensamento e ação de Deus.

A distinção acima entre os sentidos pessoais e impessoais podem ser expressos somente escrevendo em maiúsculo as palavras “lógica” e “razão” quando estamos usando-as no sentido pessoal. Este é o porquê eu algumas vezes uso a palavra “Razão” em meus livros e artigos quando me referindo a Cristo o Logos.

LEITURA RECOMENDADA:

Gordon Clark, The Johannine Logos

 

 

Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 26 de Julho de 2005.

Via: Monergismo.com

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