segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Não Acreditem em Todo espírito — Vincent Cheung

Caros amigos, não acreditem em todo espírito, mas examinem os espíritos para ver se são de Deus, pois muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. Dessa forma, vocês podem discernir o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus, mas todo espírito que não confessa Jesus não procede de Deus. Este é o espírito do anticristo, acerca do qual vocês ouviram que está vindo e que já está no mundo.
Vocês, queridos filhos, são de Deus e venceram esses espíritos, porque aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo. Eles são do mundo; por isso, falam da perspectiva do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus, e quem conhece a Deus nos ouve; mas quem não é de Deus não nos ouve. Dessa maneira reconhecemos o Espírito da verdade e o espírito do erro. (1 João 4:1-6)

O ensino cristão gera pessoas cuidadosas e inteligentes. Todos os não-cristãos são tolos e acreditam em todo tipo de ideias absurdas, como o ateísmo, a evolução, a bondade e o progresso da humanidade e religiões que não sejam a fé cristã. Jesus Cristo veio para nos livrar de nossa estupidez tanto quanto de nossa pecaminosidade, e de fato, os dois estão entrelaçados. Uma pessoa acredita em evolução, ou na confiabilidade da ciência (entre numerosos outros erros, o método científico comete a tríplice falácia do empirismo, indução e afirmação do consequente), ou qualquer outra ideia ou religião não-cristã, porque é tola e, como também é pecadora, ela se apega à sua superstição, não importa quão ridícula seja, e não importa o quanto tenha sido refutada. Da mesma forma, sabedoria e retidão são inseparáveis. Deus é sábio em sua santidade, e é sábio acreditar nele e seguir seus mandamentos.

Existe uma perspectiva que nos incentiva a aceitar, afirmar, respeitar e aprender de cada perspectiva. Aqueles que advogam por esse modo de pensar o associam não apenas ao bom senso, mas também a um caráter justo e humilde. Isso enfatiza ainda mais a estupidez e pecaminosidade dos não-cristãos, já que não apenas adotam uma perspectiva tola e ímpia, mas também distorcem a inteligência e a retidão em seus opostos para justificar sua posição.

Na sua graça, Deus não nos permite ser tão ingênuos. A fé em Jesus Cristo não é fundamentada na ingenuidade, mas é, na verdade, o golpe fatal na ingenuidade e no pensamento irracional dos não-cristãos. A Bíblia nos ensina: "Não acreditem em todo espírito, mas examinem os espíritos para ver se são de Deus." Em vez de nos dizer para abraçar, respeitar e aprender de tudo, o apóstolo nos instrui a "não acreditar em todo...mas a testar". A fé cristã é uma perspectiva que distingue entre verdade e falsidade e exercita uma inteligência sagrada e suspeita. Ensina-nos a respeitar e aceitar a verdade, mas a desprezar e rejeitar a falsidade, até mesmo todo pensamento que não concorde com Jesus Cristo.

As pessoas discordam da fé cristã não porque exercitam a liberdade de pensamento ou simplesmente porque veem as coisas de uma perspectiva diferente. Todas as discordâncias com a fé cristã são completamente demoníacas e vêm do espírito do anticristo. Essa é a inspiração por trás de todas as ideias científicas, filosóficas e religiosas que não reconhecem a divindade, humanidade e a obra redentora de Jesus Cristo. Os espíritos demoníacos operam por meio de pessoas humanas, que são apenas filhos e peões do diabo.

Diante dessa oposição demoníaca, o apóstolo nos encoraja: "Vocês, queridos filhos, são de Deus e venceram esses espíritos, porque aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo." Quem é aquele que vive em nós? Anteriormente, ele escreve: "E assim sabemos que ele vive em nós: pelo Espírito que nos deu." O Espírito de Jesus Cristo que vive em nós é maior do que o espírito dos não-cristãos e o espírito de suas várias crenças e religiões. João não diz que nos encolhemos no canto enquanto o Espírito de Cristo vence o espírito do anticristo, mas ele diz que Deus vive em nós, para que nós, os cristãos, vençamos eles, os não-cristãos. A Bíblia não separa ideias pecaminosas de pessoas pecaminosas – as pessoas pecaminosas são aquelas que acreditam e promovem ideias pecaminosas, e fazem isso precisamente porque são tão pecaminosas. Assim, Deus nos capacita a vencer não apenas ideias não-cristãs, mas também as pessoas não-cristãs, não por meio de violência física, mas sim por inteligência divina e poder espiritual.

Para distinguir entre o Espírito de Deus e o espírito do anticristo, João nos dá um teste doutrinário. Aqui não é um teste de experiência ou caráter, mas de teologia. Os cristãos estão familiarizados com as palavras de Jesus: "Pelos seus frutos os conhecereis." Em outras palavras, se alguém se diz profeta, mas vive uma vida de pecado, não é alguém que se deve seguir. Claro, tal teste não elimina questões doutrinárias, mas pressupõe a primazia da doutrina, já que é uma questão doutrinária que a homossexualidade é uma transgressão ao mandamento de Deus, e a teologia de alguém é um aspecto do seu fruto.

Assim, mesmo quando o foco está no caráter, isso não reduz a importância da doutrina; pelo contrário, um teste de caráter é aplicado apenas depois de passar pelo teste doutrinário. Este é um ponto essencial, pois o teste de "fruto" muitas vezes é mal aplicado, como se dissesse que se o estilo de vida de uma pessoa aparentemente se encaixa em um padrão cristão, seu ministério deve ser legítimo, mesmo que tenhamos que ignorar muitos defeitos doutrinários e heresias evidentes.

Esse tipo de pensamento não poderia estar mais errado. Se uma pessoa não passa no teste doutrinário, não há necessidade de aplicar o teste de caráter. Paulo disse aos Gálatas que se alguém pregasse um evangelho diferente, então não seria evangelho algum e ele estaria eternamente condenado. Fazemos essa determinação mesmo antes de considerar seu comportamento e estilo de vida.

Da mesma forma, João escreve: "Se vocês sabem que ele é justo, reconheçam que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele" (1 João 2:29). Mas isso pressupõe o teste doutrinário que ele menciona antes: "Quem é o mentiroso? É aquele que nega que Jesus é o Cristo. Tal homem é o anticristo" (2:22). Não devemos pensar que um anticristo poderia agir de forma justa e ser julgado como nascido de Deus. A justiça do versículo 29 é definida pela justiça de Cristo ("se vocês sabem que ele é justo"), e portanto não pode acomodar o anticristo do versículo 22.

Tudo isso para dizer que é um erro relaxar o teste doutrinário em favor do teste de caráter, como se o teste de caráter determinasse a questão. Novamente, o teste doutrinário é tão mais importante que se um homem não pode passar no teste doutrinário, ele deve ser rejeitado sem mais considerações. E a natureza e o alcance do teste de caráter – o que conta como caráter justo – são determinados por nossa teologia.

Aqui, o teste doutrinário se concentra no que os mestres ou profetas pensam sobre a natureza e obra de Jesus. Este não é um teste doutrinário completo, já que em outros contextos gostaríamos de investigar sua visão sobre a natureza de Deus, a inspiração das Escrituras, a justificação pela fé, e assim por diante. O foco está na natureza e obra de Jesus muito provavelmente porque João está mirando indivíduos específicos que estão propagando uma falsa cristologia: "Escrevo-lhes estas coisas a respeito daqueles que estão tentando desencaminhá-los" (2:26).

Podemos dizer que o teste tem a ver com a natureza de Cristo porque João se refere a alguns que negaram que Deus veio em carne. Ele quer que saibamos que Jesus realmente veio em carne, e ele quer que saibamos o que foi que apareceu em carne – ele foi a encarnação da divindade, a Palavra, na humanidade real. O teste também tem a ver com a obra de Cristo, porque os anticristos negaram que Jesus era o Cristo, onde "Cristo" não é apenas um título vazio, mas carrega significados específicos para João, ou seja, aquele que era divino e humano, que morreu para fazer expiação pelos pecados e que ressuscitou dos mortos e ascendeu à destra de Deus para interceder por seu povo. Qualquer cosmovisão ou religião que negue qualquer um desses pontos é inspirada pelo espírito do anticristo.

O mundo é tão vocal contra a mentalidade de "estamos certos e todos os outros estão errados" que os cristãos se tornaram tímidos e envergonhados em relação a isso. Claro, os não-cristãos são hipócritas sobre isso, pois de fato pensam que estão certos e todos os outros estão errados, especialmente os cristãos. De qualquer forma, João ensina que devemos ter essa mentalidade de "estamos certos e todos os outros estão errados", apenas que devemos garantir que o "nós" seja uma identificação não com o mundo, mas com Cristo e os apóstolos. Uma vez estabelecidos nas doutrinas corretas, como as afirmadas por João nesta carta, então se os outros concordam conosco se torna um teste válido para verdade e falsidade: "Eles são do mundo e falam da perspectiva do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus, e quem conhece a Deus nos ouve; mas quem não é de Deus não nos ouve. É assim que reconhecemos o Espírito da verdade e o espírito do erro."

Eu afirmo que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, que veio em carne. Ele morreu pelos pecados dos seus escolhidos, e então foi ressuscitado dos mortos e ascendeu à direita de Deus para interceder por seu povo. Eu herdei essa mensagem de Cristo, dos profetas e dos apóstolos; portanto, aqueles que conhecem a Deus concordarão comigo e ficarão ao meu lado, mas aqueles que discordam de mim nisso são do espírito do anticristo e do espírito do erro.

Por outro lado, aqueles que são do mundo falam da perspectiva do mundo, e o mundo os ouve. Quando alguém segue ou simpatiza com aqueles que negam a natureza e obra de Cristo ensinadas pelos apóstolos, sei que essa pessoa é do mundo e não conhece a Deus, mesmo quando finge ser um pastor ou teólogo cristão. Não tenho medo de sua popularidade ou reputação, e não vacilarei em meu julgamento. João me ensinou o que devo pensar sobre tal pessoa, e eu o venci porque o Espírito de Deus que está em mim é maior do que o espírito demoníaco que está nele.

Existe um pai, pastor ou professor que o incentiva a acolher todo espírito, a acolher o diálogo e a aprendizagem mútua, e até a respeitar aqueles que negam a natureza e a obra de Jesus Cristo? "Este é o espírito do anticristo, que vocês ouviram que está vindo e agora já está no mundo." Seja forte e confiante, pois você é de Deus e venceu o anticristo, porque aquele que está em você é maior do que aquele que está no mundo.


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